O coordenador do Movimento Cristão Liberação (MCL), Oswaldo Payá Sardiñas, criticou ontem o Governo comunista por não respeitar os direitos dos detentos liberados e enviá-los ao desterro na Espanha; entretanto, assegurou que juntos continuarão a luta por libertar Cuba.

"Não se está respeitando (aos liberados) sua dignidade, seus direitos, nem sequer seus sentimentos. Vá neles, repito, com a tocha dos heróis, eles e os que ficam, com nossa gratidão e lhes dizemos, seguiremos lutando juntos pela liberdade e os direitos dos cubanos", expressou o líder em uma mensagem.

Em seu texto, Payá indicou que "alguns querem apresentar esta ação do governo como uma mudança em Cuba, (oxalá seja uma mudança) e se o governo espanhol e o senhor Moratinos estão dizendo que este é o início das mudanças, os cubanos não se inteiraram e ao parecer, nem o governo cubano se inteirou".

Por isso, assinalou, deve ser o Governo comunista "quem diga ao povo que este é o início das mudanças, porque mudanças significa sobre tudo direitos".

Ele recordou que os que foram liberados e os que seguem na prisão, foram encerrados por exigir pacificamente o respeito aos direitos humanos e por promover o projeto Varela.

O líder do MCL também criticou que se imponha a eles o desterro, porque "devemos recordar que estes homens não puseram bombas nem usaram a violência", algo que sim fizeram os irmãos Fidel e Raúl Castro em seu assalto ao quartel Moncada em 1953 quando tentaram derrocar Fulgencio Cambraia. "Entretanto puderam despedir-se de suas famílias e puderam estar na rua, ninguém lhes impôs o exílio", recordou.

"Tal parece que o governo atual teme mais as idéias destes nossos irmãos, o Projeto Varela, a sua defesa dos direitos, que o que o ditador Cambraia temia seus fuzis e suas bombas", acrescentou.

Payá Sardiñas disse que os liberados "vão com o coração esmigalhado, cheio de incerteza mas com uma moral muito alta e com nosso sentimento de gratidão para eles, que pelos direitos e a liberdade dos cubanos sofreram a prisão cruel (…), o sofrimento de suas famílias que foi o maior sofrimento de cada um deles. Que o mundo saiba que nesses homens vai a coragem e a dignidade de todo um povo".