Outros dois detentos políticos liberados pelo Governo cubano chegaram esta quarta-feira ao aeroporto de Barajas em Madrid acompanhados por seus familiares, a bordo de um vôo da Iberia que aterrissou às 1:28 p.m. (hora local).

Trata-se dos jornalistas Omar Rodríguez Saludes e de Normando Hernández González, detidos na onda de repressão da primavera de 2003 com a qual o regime respondeu ao êxito que estava adquirindo a oposição com iniciativas como o Projeto Varela, que promove um referendum na ilha para pedir reformas democráticas.

Um terceiro dissidente libertado, Luis Milán Fernández, tinha inicialmente previsto viajar com seus familiares neste vôo, mas a falta de disponibilidade de lugares para ele e todos seus acompanhantes levou a pospor sua viagem a Madrid até esta noite, quando tomará um vôo da Iberia junto a outro companheiro liberado, Mijail Bárzaga Guerra.

Os dissidentes chegados este meio-dia a Madrid serão transladados à hospedaria Welcome em Vallecas, como ontem ocorreu com o primeiro grupo de sete presos liberados que pisaram em território espanhol, confirmaram à Europa Press fontes da Comissão Espanhola de Ajuda ao Refugiado (CEAR), uma das três que acolherão os detentos liberados que vão chegando, de acordo a um programa financiado pelo Ministério de Trabalho e Assuntos Sociais.

Ali, onde permanecerão dois ou três dias, as três ONG que os ajudarão a integrar-se na Espanha, Cruz Vermelha, CEAR e Accem os entrevistarão antes de levá-los aos centros de acolhida que têm espalhados pela geografia do país.

O objetivo é conhecer se têm familiares ou amigos em alguma localidade espanhola para, de acordo às suas preferências e da disponibilidade de lugares nos centros, decidir qual ONG se ocupará de cada núcleo familiar.

Omar Rodríguez Saludes era o diretor da agência de notícias independente ‘Nueva Prensa Cubana’, onde trabalhou como jornalista escrevendo sobre a repressão política sob o regime castrista. Com 37 anos foi condenado a 27 anos de cárcere por "atuar contra a independência ou a integridade territorial do Estado" cubano.

Normando Hernández González trabalhava para Radio Martí, emissora com sede nos Estados Unidos. Foi condenado a 25 anos de cárcere pelos mesmos cargos que Omar Rodríguez.

No último 7 de julho, o Arcebispado de Havana anunciou a disposição do Governo cubano de liberar os 52 dissidentes que permaneciam na prisão do chamado Grupo dos 75 intelectuais, jornalistas e opositores detidos na Primavera Negra de 2003.

Ao menos 20 deles aceitaram a viajar para a Espanha. O ministro dos Assuntos Exteriores e de Cooperação, Miguel Angel Moratinos, revelou ontem que o regime liberará "a todos os detentos políticos", não só os 52 anunciados oficialmente até a data, embora tenha precisado que deve-se analisar seriamente quantos detentos políticos existem realmente na ilha.