Os primeiros sete dissidentes cubanos libertados pelo governo em Havana que chegaram esta terça-feira a Madrid afirmaram que sua liberação é fruto das protestas do companheiro falecido Orlando Zapata Tamayo, do jornalista independente Guillermo Fariñas, assim como "da resistência inquebrável das Damas de Branco e o exílio cubano (...) com a participação importante da Igreja cubana".

Em uma roda de imprensa multitudinária na sua chegada ao aeroporto de Barajas, um dos dissidentes liberados, Julio César Gálvez, leu um comunicado em nome do resto de seus companheiros no qual afirmam que a abertura do processo de diálogo entre o regime castrista e a Igreja em Cuba que permitiu sua saída do cárcere "foi possível pela luta e o apoio decidido de milhares de cubanos em benefício da liberdade, da democracia e da paz".

Dentro desta luta, dirigiram uma menção especial ao "martírio de Orlando Zapata, a demanda do Guillermo Fariñas por 135 dias de greve de fome" e "a fé e a resistência inquebrantável das Damas de Branco e o exílio cubano (...) com a participação importante da Igreja cubana".

Gálvez também deu graças em nome de seus companheiros ao Governo espanhol por sua "condição de acompanhante" neste diálogo. Em resposta a uma pergunta dos jornalistas, outro dos liberados, Ricardo González Alfonso, assegurou que não se consideram "manipulados" pelo regime castrista.

O secretário de estado para a Ibero América, Juan Pablo de Laiglesia, que compareceu junto a eles, assinalou que o Governo espanhol trabalhará "para facilitar sua integração na sociedade espanhola".

Estes sete presos de consciência –que formam parte do total de 20 que segundo o Arcebispado de Havana já aceitaram viajar a Espanha depois da sua saída da prisão– passarão dois dias em Madrid alojados em distintos hotéis até que o Comitê Espanhol de Ajuda ao Refugiado (CEAR), a Cruz Vermelha e ACCEM –uma ONG que ajuda refugiados e imigrantes– cuidem deles e os dividam em centros de acolhida em distintos pontos do território. Estas ONGs se ofereceram para dar alojamento, manutenção e assessoria para que possam encontrar um emprego aos ex-detentos cubanos que cheguem à Espanha.

A Embaixada e o Consulado espanhóis em Havana seguem trabalhando para preparar o deslocamento nos próximos dias do resto dos 20 presos que, segundo o Arcebispado de Havana, aceitaram sair da prisão e viajar ao país ibérico.

Todos eles formam parte dos 52 presos que o regime castrista conseguiu liberar, depois das gestões empreendidas pela Igreja em Cuba, acompanhadas pelo ministro espanhol Angel Moratinos. Formam parte do chamado Grupo dos 75 dissidentes detidos na primavera de 2003 como resposta do regime ao êxito que os opositores estavam tendo com iniciativas como o Projeto Varela, que promove um referendum na ilha para pedir reformas democráticas.