O Bispo de San Sebastián na Espanha, Dom Ignacio Munilla, destacou que o Papa Bento XVI obrou ante os escândalos "sem medo à manipulação que poderia ser feita por atuar com o coração aberto", pois o que importa ao Santo Padre, conforme afirmou, é "a fé, e que sejamos Santos, já que do resto se encarregará o Senhor providente".

Dom Munilla fez estas manifestações durante o encerramento da Jornada de Teologia que se celebrou na sexta-feira no Instituto Superior de Estudos Teológicos de São Ildefonso em Toledo, jornada que fechou com uma dissertação titulada "O sacerdócio é o amor do Coração do Jesus".

O Prelado espanhol, que cursou seus estudos no Seminário do Toledo e começou com uma lembrança ao Cardeal Emérito Marcelo "por sua concepção da Igreja Universal", preparou sua conferência em base às palavras do Papa Bento XVI, cuja reflexão teológica, afirma Dom Munilla, possui "uma grande riqueza".

Diante dos presentes, Dom Munilla destacou que o Papa fechou o Ano Jubilar com a emblemática frase "o sacerdócio é o amor do Coração de Jesus", uma concessão ao reconhecimento que Cristo outorgou à ordem do sacerdócio, e que na opinião do Prelado, dá margem para reconhecer a "importância que o sacerdócio tem não só para a Igreja, mas para toda a humanidade".

"Tanta incompreensão"

Tal e como assinalou o Papa, Dom Munilla ressaltou a entrega dos sacerdotes "ante tanta incompreensão", pondo como exemplo a crise que sofrem os missionários quando retornam a Europa "e deixam de ser queridos e admirados", algo que segundo o bispo é uma "oportunidade de autenticidade do sacerdócio, e de compartilhar com Cristo a experiência de não ser correspondido".

Como exemplo dessa entrega, o Bispo espanhol assinalou ter recebido cartas de dois jovens sacerdotes, um da Colômbia e outro do México, que queriam desenvolver seu trabalho sacerdotal no País Basco, onde lhe disseram "não vamos ser queridos nem aplaudidos", e onde "querem compartilhar a amargura que sentiu Jesus ao não ser aceito".

Do mesmo modo, o Prelado afirmou que quando lhe perguntam o que é o que é o mais difícil para ele sendo sacerdote se é o celibato ou a obediência a Cristo, e ele confessou que o mais difícil é "esta desproporção de levar este tesouro em vasos de barro".