O Papa Bento XVI dedicou a Audiência Geral desta quarta-feira a refletir sobre Santo Tomás de Aquino. Sobre o "Doutor Angélico", o Santo Padre disse que este grande sábio explica que a fé em Deus e a razão não se excluem; e deve ser considerado como precursor do Catecismo da Igreja Católica pois boa parte de sua obra corresponde quase em sua totalidade à estrutura deste texto fundamental.

No Sala Paulo VI perante milhares de fiéis Bento XVI se referiu à obra prima deste santo: a "Summa Theologica" que contém 512 questões e 2.669 artigos. Nela, Tomás expõe de maneira "precisa, clara e pertinente" as verdades de fé que brotam das Sagradas Escrituras e dos ensinamentos dos Padres da Igreja, sobre tudo de Santo Agustinho. Este esforço da mente humana –recorda o Aquinate com sua mesma vida– é sempre iluminado pela oração, pela luz que vem do Alto".

"Na Summa, Santo Tomás parte de que Deus existe em três modos diversos: Em si mesmo, é o princípio e o fim de tudo, e todas as criaturas procedem e dependem Dele. Segundo: Deus se faz presente através da graça na vida e na atividade do cristão, dos santos. E o terceiro e último: Deus está presente de maneira especial na Pessoa de Cristo e nos Sacramentos, que derivam de sua missão redentora".

O Papa Bento XVI assinalou que "Santo Tomás se detém de modo especial no mistério da Eucaristia, pelo qual tinha uma grande devoção". Neste contexto, alentou a "apaixonar-se por este sacramento, seguindo o exemplo dos Santos. Participemos da Santa Missa com recolhimento, para obter frutos espirituais, nos nutramos do Corpo e do Sangue do Senhor para estar constantemente alimentados pela graça divina! Transcorramos freqüentemente tempo em companhia do Santíssimo Sacramento".

"O que Santo Tomás ilustrou com rigor científico em suas principais obra teológicas como a Summa Theologiae, o expôs também em sua predicação", cujo conteúdo "corresponde quase em sua totalidade à estrutura do Catecismo da Igreja Católica. De fato, na catequese e a predicação, em um momento como o nosso de renovado compromisso na evangelização, não deveriam faltar nunca estes temas fundamentais: quer dizer, o que acreditam, o símbolo da fé; o que rezamos, o Pai-Nosso e a Ave Maria, e o que vivemos como nos ensina a revelação bíblica, e a lei do amor de Deus e do próximo e os dez Mandamentos".
 
O Papa recordou que Santo Tomás, "em seu opúsculo sobre o Símbolo dos Apóstolos, explica o valor da fé. Através dela, diz, a alma se une a Deus; a vida recebe uma orientação segura, e nós superamos facilmente as tentações. A quem objeta que a fé é algo obtuso, porque nos faz acreditar em algo que não se pode experimentar com os sentidos, Santo Tomás oferece uma resposta muito completa, e recorda que esta é uma dúvida inconsistente, porque a inteligência humana é limitada e não pode conhecer tudo".

"Só se pudéssemos conhecer perfeitamente todas as coisas visíveis e invisíveis seria uma autêntica falta de sentido aceitar verdades por pura fé. Por outra parte, é impossível viver, observa Santo Tomás, sem confiar na experiência de outros aonde o conhecimento pessoal não chega. Portanto, é razoável ter fé em Deus que se revela e no testemunho dos Apóstolos".

Referindo-se ao artigo do "Símbolo sobre a Encarnação do Verbo divino", Santo Tomás, afirmou o Papa, diz que "a fé cristã, considerando o mistério da Encarnação, reforça-se, a esperança se eleva com mais confiança ao pensamento de que o Filho de Deus veio entre nós, como um de nós, para comunicar aos homens a própria divindade; a caridade se reaviva, porque não existe um sinal mais evidente do amor de Deus por nós que ver o Criador do universo fazer-se criatura".

Finalmente o Papa recordou que "Santo Tomás, como todos os Santos, foi um grande devoto da Virgem. Definiu-a com um título estupendo: ‘Triclinium totius Trinitatis’, triclinio, quer dizer, lugar onde a Trindade encontra seu descanso, já que, com motivo da Encarnação, em nenhuma criatura como nela, as três Pessoas divinas habitam e sentem prazer e alegram por viver em sua alma cheia de graça. Por sua intercessão podemos conseguir qualquer ajuda".

Ao final do encontro com os fiéis o Papa deixou saudações aos peregrinos presentes, vindos de vários países, incluindo os lusófonos:  “Amados peregrinos língua portuguesa, que viestes junto do túmulo de São Pedro renovar a vossa profissão de fé eclesial, reconhecendo e adorando o Deus Uno e Trino, que vos escolheu para seu Povo Santo. Para todos vós, particularmente para o grupo brasileiro de Piracicaba, a minha saudação agradecida, com votos de abundantes dons de graça e paz divina, que imploro para vós e vossos queridos com a minha Bênção Apostólica”, disse.