DUBLIN, 17 de jun de 2010 às 11:45

O Arcebispo Emérito de Westminster (Inglaterra) e recentemente renomado visitador apostólico para a Arquidiocese de Armagh na Irlanda, Cardeal Cormac Murphy O’Connor, ressaltou a necessidade de empreender o caminho de renovação e purificação da Igreja neste país, animado pelo Papa Bento XVI com sua carta aos católicos e com as medidas anunciadas nela como a visita apostólica às dioceses, seminários e congregações religiosas.

Em suas palavras no Saint Patrick’s College em Maynooth na Clausura do Ano Sacerdotal na Irlanda, o Cardeal indicou que ante o escândalo dos abusos sexuais cometidos por alguns membros do clero neste país europeu, caiu sobre a Igreja o que alguns chamaram "noite escura" que constitui também "um tempo de aprendizagem, de purificação e de confiança" com a convicção de que Deus não abandona ninguém.

"Na escuridão da noite tudo o que temos é nossa fé em Deus que não nos abandonou e que trabalha conosco, e naturalmente advertimos a crueldade de nossos pecados mas também de nossa pobreza". Esta pobreza, disse, "é um dom porque elimina todas as outras estruturas sobre as que apoiamos até agora nossa confiança. A pobreza nos leva a fonte de nossa vida, de nossa identidade e nossa vocação".

Depois de comentar algumas das medidas postas em marcha na Inglaterra e Gales para acautelar os abusos sexuais por parte de membros do clero, o Cardeal assinalou que "hoje quis refletir sobre como estes terríveis crimes golpearam a Igreja. Não importa que a grande maioria de bispos e sacerdotes sejam bons servos e pastores de seu povo: quando o escândalo dos abusos é tão profundo projeta sua sombra sobre tudo".

Logo depois de comentar que "não tenho nenhuma fórmula mágica" para confrontar este tema, o Cardeal recordou o que fora dito pelo Papa Bento em sua carta aos católicos da Irlanda de março deste ano, aonde anima ao "arrependimento sincero que abre a porta ao perdão de Deus e a graça da verdadeira emenda".

O Papa, concluiu, "iniciou um processo que vai a profundidade no grande patrimônio espiritual da Igreja na Irlanda. Isso suporta um sincero e profundo arrependimento, que exige não só o esforço pela verdade e a compreensão, de modo particular sobre as raízes e as conseqüências do que aconteceu, mas também pelo esforço no amor".