A Igreja no Paquistão acolhe com grande esperança a Petição Internacional lançada pelo escritório francês da organização internacional católica Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) para abolir a lei "anti-blasfêmia". Até o momento já tem três mil adesões.

A lei anti-blasfêmia regula as ofensas contra o Corão ou Maomé e castiga os que a violam com penas que podem levar até à cadeia perpétua ou mesmo à morte. Em muitos casos, esta norma foi usada arbitrariamente e usada como desculpa para perseguir inocentes, já que na prática basta invocá-la para que as autoridades atuem rapidamente contra quem seja acusado.

Conforme informa a agência vaticana Fides, Peter Jacob, Secretário executivo da Comissão Justiça e Paz da Conferência Episcopal do Paquistão, indicou a este meio que esta petição: "é uma iniciativa que é muito bem vinda. Estamos muito contentes, é um sopro de ar fresco para nós. Há anos lutamos pela abolição total desta lei e promovemos também uma petição popular no Paquistão".

"Entre outras coisas estamos preocupados porque parece que em outros países do mundo, sobre tudo os islâmicos, se debate se é que devem passar em leis como esta. Temos que criar uma maior consciência na comunidade internacional. Esperemos que com esta iniciativa se mova a opinião pública européia. Recentemente, o Parlamento Europeu adotou uma resolução que pede o amparo das minorias e a liberdade religiosa no Paquistão. Esperamos que as pressões da sociedade civil no Paquistão e no estrangeiro, sirvam para mover o governo paquistanês", explicou.

Atualmente, o executivo está em absoluta imobilidade: "em princípio, o governo diz que quer defender os cidadãos inocentes que sofrem os efeitos desta lei; mas na prática, não faz nada, porque está sob a influência de grupos extremistas islâmicos", explica Jacob à Agência Fides. "Temos esperança no êxito internacional desta petição", conclui.

Por sua parte Francis Mehboob Sada, católico e Diretor do Christian Study Center em Rawalpindi, centro ecumênico de documentação, estudo e reflexão, conhecido por seu trabalho de seguimento e informação das condições dos cristãos no Paquistão, assim como por seu compromisso no diálogo inter-religioso, também expressa seu apoio à medida.

Mehboob Sada assinala à agência que "assino a petição com muito gosto e me adiro à campanha. Há uma grande necessidade de derrogar esta lei que, desde 1986 em adiante, afetou mais de 50.000 pessoas e registrou mais de 1.000 condenações. As vítimas são de todas as religiões: muçulmanos, cristãos, ahmadis e de outras minorias".