Diante de milhares de sacerdotes e fiéis que encheram a Praça de São Pedro para a Vigília pelo encerramento do Ano Sacerdotal, o Papa Bento XVI ressaltou a importância do celibato na vida de todos e cada um dos presbíteros, não como algo acessório, mas como algo essencial à vida do sacerdote.

Respondendo, sem ler texto algum, a uma pergunta sobre este importante tema, o Santo Padre explicou que o celibato não somente fortalece a vocação do sacerdote, mas também "confirma o sim definitivo do matrimônio, que é a forma natural de ser homem e mulher que Deus quis no mundo".

O Papa disse logo que para o mundo além dos "pequenos escândalos" suscitados nos últimos tempos na Igreja, aparece um escândalo ainda maior: "o escândalo de quem põe sua fé em Deus".

O celibato, disse Bento XVI "é um grande sinal da presença de Deus no mundo. Devemos orar a Deus para que nos livre dos pequenos escândalos e faça presente o escândalo de nossa fé em Deus".

Viver a Eucaristia para dar-se a outros

Ao responder logo uma pergunta sobre o verdadeiro culto devido à Eucaristia, realizada por um sacerdote do Japão, o Santo Padre recordou que para entender isto e para não cair na tentação do clericalismo, é necessário ver que neste sacramento "realiza-se um grande drama. Deus deixa sua glória e sai e desce até converter-se em um de nós, descende até a Cruz. A aventura do amor de Deus está em sua humildade que se doa a nós. Neste sentido a Eucaristia deve ser considerada como a forma de entrar nesse caminho de Deus".

"Santo Agustinho na Cidade de Deus dizia que o sacrifício dos cristãos é estar unidos nesse sair de nós, no deixar-se atrair pelo único pão e corpo da Eucaristia para assim celebrar o amor de Deus", continuou.

Depois de ressaltar a necessidade de celebrar a Eucaristia na unidade que Deus dá, o Papa destacou que este santo sacramento é "o início da realidade do amor de Deus que nos obriga ao amor pelos outros".

"Deste modo –prosseguiu– devemos aprender que a Eucaristia é o contrário a fechar-se em si mesmos. Pensemos na Madre Teresa: é um exemplo de amor que se esquece de si mesmo e que vai para os marginados, a outros, dá-se totalmente aos pobres e marginados. Devemos seguir seus rastros".

A primeira condição que colocava a Beata de Calcutá para começar uma fundação era a presença do tabernáculo, de Cristo sacramentado. "Só no abandono de si se pode dar fruto. Só assim se pode viver a abertura a todos. Viver a Eucaristia em seu sentido originário –concluiu Bento XVI– é o seguro amparo contra qualquer tentação de clericalismo".