No habitual diálogo sustentado com os jornalistas que o acompanharam no vôo para o Chipre, o Papa Bento XVI expressou sua profunda dor pelo assassinato do Vigário Apostólico da Anatólia e Presidente da Conferência Episcopal da Turquia, Dom Luigi Padovese, quem "contribuiu muito" à preparação do Sínodo dos Bispos para Médio Oriente. Também assinalou que leva a este país uma mensagem religiosa e não política para assinalar o caminho da paz na região.

Conforme assinala a Rádio Vaticano, o Santo Padre assinalou que "esta sombra não tem nada a fazer com os temas e com a realidade da viagem (ao Chipre), porque não devemos lhe atribuir à Turquia nem aos turcos este fato. É uma coisa sobre a que temos pouca informação: entretanto é seguro que não se trata de um assassinato político ou religioso".

Sobre a divisão que ainda fere a ilha do Chipre, o Papa assinalou que esta viagem, em continuidade com a da Terra Santa no ano passado, quer ser um testemunho de paz e diálogo, sobre a base da fé no único Deus.

"Não venho com uma mensagem política, mas com uma mensagem religiosa, que deveria preparar mais as almas para estar abertas à paz. Estas não são coisas feitas de um dia para outro, mas é muito importante não só cumprir os necessários passos políticos, preparando as almas para tais passos, para que a abertura interior pela paz que vem da fé em Deus e do convencimento de que somos todos filhos de Deus, irmãos e irmãs entre nós", afirmou.

Ao ser perguntado pelo ataque israelense contra a frota pró-palestina, o Pontífice assinalou que "ante os casos de violência, é necessário não perder a paciência, o valor, a capacidade de voltar a começar. É necessário gerar estas disposições do coração e começar sempre de novo, na certeza de que podemos avançar, que podemos chegar à paz e que a violência não é a solução, mas sim a paciência pelo bem. Criar estas disposições me parece o principal trabalho que o Vaticano, seus organismos e o Papa podem fazer".

Quanto ao diálogo com os ortodoxos, o Santo Padre ressaltou a necessidade do testemunho comum dos cristãos, frente às diferenças: "quando somos capazes de testemunhar estes valores, de nos esforçarmos no diálogo… para viver estes valores, já demos um testemunho fundamental de uma unidade muito profunda na fé".

Ao final da roda de imprensa, Bento XVI se referiu ao próximo Sínodo dos Bispos para o Oriente Médio que será realizada em outubro no Vaticano que estimulará a fé e a esperança no futuro: "cresce uma consciência comum da responsabilidade cristã e também uma capacidade comum de diálogo com os irmãos muçulmanos, que são irmãos face à diversidade".