O Bispo Auxiliar de Caracas, Dom Luis Armando Tineo, destacou a decisão do Papa Bento XVI de enfrentar o tema dos abusos sexuais por parte de alguns membros do clero, e denunciou a campanha amarelista de certos meios de comunicação que procuram maltratar a imagem da Igreja.

"Bento XVI está sendo transparente, firme e sereno neste sentido. Como evidencia a Carta aos católicos da Irlanda, ele optou por uma linha pastoral, não ‘tática’", afirmou.

Entretanto, disse que meios como The New York Times "evidenciaram uma marcada e pouco profissional tendência a interessar-se e divulgar desproporcionalmente os poucos casos lamentáveis de abuso de menores por parte de clérigos católicos, encontrados em sua maioria no passado".

O bispo indicou que no 2004 o Episcopado dos Estados Unidos encarregou uma investigação ao John Jay College of Criminal Justice, da City University of New York, que não é católica e é a mais reconhecida em matéria de criminologia.

Segundo o Relatório, "não há nenhum dado objetivo que fundamente que os abusos a menores sejam mais freqüentes entre o clero católico que entre outros coletivos da população".

"Mais ainda, no mesmo período de tempo em que foram condenados uma centena de clérigos católicos norte-americanos pelo abuso de menores, o numero de professores de ginástica e de treinadores de equipes esportivas juvenis -em sua imensa maioria homens casados- que foram julgados culpados pelo mesmo delito pelos tribunais americanos se aproxima dos seis mil casos. Assim informa Newsweek em sua análise do problema realizado em sua edição do dia 8 de abril do presente ano", indicou.

O Prelado esclareceu que pedir um olhar objetivo não significa justificar o delito aberrante de abusos de menores. Acrescentou que esta análise assinala "que a única instituição que indagou e ofereceu dados sobre si mesmo nesta matéria foi a Igreja Católica".

Em 42 anos, indicou, entre mais de 109 mil sacerdotes nos Estados Unidos, foram acusados 958 presbíteros e condenados 54.

Entretanto, denunciou, o New York Times tem "o propósito pouco ético de induzir aos leitores a estabelecer uma relação entre o fato de ser sacerdote católico e estes abomináveis fatos cometidos por uns poucos, gerando uma percepção profundamente distorcida da realidade"; e de querer responsabilizar com uma campanha amarelista contra Bento XVI.

"O Papa está dando a cara, interessando-se pela dor das pessoas, e pondo os meios a seu alcance para que estes lamentáveis pecados e delitos não voltem a repetir-se. Em outras palavras, está atuando fundamentalmente no primeiro nível: confrontando e resolvendo o problema", afirmou Dom Tineo.