As aulas de Religião (que não são obrigatórias neste país europeu) têm um "alto índice" de aceitação com 74 por cento do alunado na Espanha, que cada ano "escolhe voluntariamente" inscrever-se nas aulas, segundo o estudo 'Protagonistas da aula de Religião', que foi apresentado hoje na sede do Círculo de Belas artes. Na apresentação participaram o autor do relatório e diretor da Revista 'Religião e Escola', Carlos Esteban; o diretor da Fundação SM, Leoncio Fernández e a coordenadora do relatório, Eva Pérez.

Assim, os dados recolhidos revelam que 74,1 por cento dos alunos pesquisados em centros públicos, 73 por cento de centros privados e 99,5 por cento dos centros religiosos, escolhem a classe de religião, enquanto que 47,9 por cento total dos alunos diz que está matriculado nas classes de Religião porque eles mesmos escolheram e a outra metade está porque sua família os inscreveu sem consultá-los.

Os dados relativos aos professores de Religião revelam que a maioria são leigos e cristãos (97,6%). Com respeito à sua formação, o relatório assinala que todos os professores possuem títulos universitários e o 67,5% dos professores de Religião de Secundária contam ademais com uma segunda especialização. Além disso 80,8 por cento tem a graduação da própria Igreja (Declaração Eclesiástica de Competência Acadêmica, DIGA), sendo esta porcentagem mais elevada no ensino médio e chegando quase à totalidade no ensino público.

Aborto, eutanásia e homossexualidade

Outro dos pontos abordados por Carlos Esteban foi a opinião dos alunos sobre temas como o aborto, a eutanásia e a homossexualidade. Nesse sentido se ressaltou que nestas perguntas não foram consultados os alunos do primário, só os do ensino médio.

Assim, 45,1 por cento declarou estar em desacordo com a afirmação, 'o aborto não tem justificação', partilhada por 27,87 por cento dos alunos. Outros 47 por cento dissente da idéia que 'a eutanásia não pode ser justificada', ante 21,4 por cento que a compartilha.

Em matéria da homossexualidade 59,7 por cento dos alunos considera que não é nenhum problema, frente a 20,3 por cento dos alunos que não compartilha essa idéia. "Se compararmos estes dados com os do estudo sociológico da Comissão Episcopal de Ensino de 1998, comprovaremos uma notável mudança no estado de opinião dos alunos, naquele então havia 58% por cento que pensava que nunca poderia justificar a homossexualidade enquanto 20,1 por cento a justificava. Virtualmente se inverteram as cifras".

Finalmente, Esteban sublinhou que a educação religiosa não representa nenhum problema pedagógico para uma sociedade verdadeiramente democrática. "Os dados confirmam que os protagonistas têm um alto índice de satisfação, suficiente para poder desterrar dos meios de comunicação o conceito que relaciona a classe de Religião a um problema".