Ao receber esta manhã aos bispos da Conferência Episcopal da Bélgica em visita ad limina, o Papa Bento XVI assinalou que só Cristo é capaz de acalmar a tempestade e dar o valor suficiente para viver uma vida Santa a uma Igreja provada pelo pecado, como a deste país europeu.

Em seu discurso em francês, o Santo Padre se referiu a uma série de desafios expostos pelos bispos em seus respectivos informes, como a queda do número de batizados que testemunham sua fé e pertença à Igreja, a elevação da média de idade nos sacerdotes e religiosos, assim como a insuficiência em quantidade destes para a pastoral ativa; a formação cristã e diversas questões relativas à vida e a família assim como as dificuldades expostas pela crise econômica.

Seguidamente o Papa ressaltou a necessidade, ante estas situações, de "insistir em uma formação religiosa mais sólida e profunda" para redescobrir que a fé não "consiste unicamente em aceitar um conjunto de verdades e valores,mas sobre tudo em confiar-se a Alguém, a Deus, escutá-lo, amá-lo, falar com Ele, para comprometer-se em seu serviço".

Ante a escassez de sacerdotes e de seu necessário serviço na Bélgica, Bento XVI recordou o recentemente canonizado "Apóstolo dos Leprosos", São Damião Veuster, "o filho mais ilustre da nação de todos os tempos" a quem propôs como exemplo "sacerdotal e missionário, particularmente aos sacerdotes e religiosos.

"A diminuição do número de sacerdotes não deve perceber-se como um processo inevitável. O Concílio Vaticano II afirmou com força que a Igreja não pode viver sem o ministério dos presbíteros. É então necessário e urgente dar seu justo lugar reconhecendo o seu caráter sacramental insubstituível. Gera-se então a necessidade de uma ampla e séria pastoral das vocações, fundada na exemplaridade da santidade dos sacerdotes, na atenção ao germe da vocação presente em muitos jovens e na oração assídua e confiada, segundo a recomendação de Jesus".

Depois de saudar e reconhecer o serviço de tantos sacerdotes e religiosos que doaram e doam toda sua vida ao serviço de Deus e dos outros, o Papa Bento pediu aos prelados que façam chegar sua proximidade espiritual e seu agradecimento. "Que não esqueçam que somente Cristo é quem aplaca toda tempestade e volta a dar a força e a coragem para levar uma vida Santa em plena fidelidade a seu próprio ministério, a sua consagração a Deus e ao testemunho cristão", respirou.

O Santo Padre insistiu logo a celebrar a liturgia, particularmente a Eucaristia, "em pleno respeito à tradição litúrgica da Igreja, com uma participação ativa dos fiéis, segundo o papel que corresponde a cada um, unindo-se assim ao mistério pascal de Cristo".

O Papa também tratou o tema da formação laical dos que "compartilham a vocação comum à santidade e ao compromisso apostólico", e explicou que todos os fiéis católicos, mas particularmente os leigos "estão chamados a testemunhar abertamente sua fé e a ser fermento na sociedade, respeitando uma sã laicidade nas instituições públicas e às outras confissões religiosas. Esse testemunho não pode estar limitado somente ao encontro pessoal, mas sim deve assumir as características de uma proposta pública, respeitosa mas legítima, de valores inspirados pela mensagem evangélica de Cristo".

Finalmente Bento XVI fez votos para que "a Virgem Maria, venerada em muitos santuários da Bélgica, assista-os em seu ministério e proteja-os com toda sua ternura maternal. A vocês e a todos os católicos do Reino, reparto-lhes de coração a Bênção Apostólica".