Dominic Lawson é um jornalista inglês que trabalhou para a BBC, na revista O Espectador, The Sunday Telegraph, o jornal Independent, e outros. Ele escreveu um artigo no Daily Mail no qual questiona os meios de comunicação e Hollywood por elogiar o "descarado" Roman Polanski –quem cumpre prisão domiciliária por abusar de uma menor– e criticar duramente o Papa Bento XVI quem mais de uma vez expressou seu arrependimento e dor pelos abusos sexuais cometidos por alguns membros do clero que ele jamais encobriu.

Ao início do artigo, Lawson explica que Polanski não pode dar entrevistas porque "se encontra sob prisão domiciliária em seu chalé suíço, lutando contra os esforços de uma corte da Califórnia que quer extraditá-lo por abusar sexualmente de uma moça quando ela tinha 13 anos de idade, Samantha Geimer, em 1977".

"O mundo do cinema, da arte em geral, considera isto (a detenção de Polanski, não o abuso contra a adolescente de 13 anos) um escândalo. Isto se fez mais evidente quando a atriz de Hollywood Whoopi Goldberg o defendeu o ano passado com uma observação: ‘Sei que não foi um estupro-estupro’".

"Com este interessante neologismo, Goldberg deu uma nova forma à antiga frase (usualmente usada pelos homens) que diz ‘ela disse não, mas queria dizer sim’", denuncia o jornalista inglês.

Seguidamente Lawson explica as acusações da mesma Samantha Geimer contra Polanski e como efetivamente abusou dela. Relata a seguir o "bom trabalho" dos "excelentes advogados" para libertar o diretor de cinema do cárcere para converter-se logo em fugitivo.
Assinalou ademais que o mesmo Presidente da França Sarkozy, "talvez influenciado por Carla Bruni", entregou a Barack Obama uma carta de Polanski.

Em oposição, prossegue o jornalista, o Papa Bento XVI, que "pediu perdão pela má conduta de alguns membros de sua Igreja, não desfruta da mesma indulgência", citando os esforços em vão do ateu Richard Dawkins, acompanhado de Christopher Hitchckens, para prender o Santo Padre na sua chegada à Inglaterra.

Depois de comentar o escrito de Dawkins no Washington Post sobre a Igreja que é, em sua opinião, "uma instituição que viola as crianças", o jornalista Lawson recorda que "sempre soube que eram pessoas as que violavam crianças e não as organizações, mas talvez o professor Dawkins não esteja muito interessado em contar as crianças que sofrem abuso, a não ser na Igreja Católica e as opiniões que difunde".

Logo depois de citar algumas passagens da carta do Papa Bento XVI aos católicos da Irlanda na qual o Santo Padre pede novamente perdão pelos abusos sexuais cometidos por alguns membros do clero, Dominic Lawson comenta: "não recordo Roman Polanski oferecendo nenhum tipo de desculpas à pessoa da qual ele sim abusou, embora estivesse de acordo em pagar, em 1993, 500 mil dólares a Geimer, provavelmente sob o entendido de que ela deixaria de ser uma testemunha hostil".

"O ponto é, acredito, que enquanto o Papa entende a tragédia que foi perpetrada sistematicamente por indivíduos no sacerdócio católico, Polanski genuinamente vê sua conduta como inocente. Vai a si mesmo, não à pequena de 13 anos que sodomizou, como vítima".

"O diretor de cinema famoso mundialmente entendia claramente o poder que tinha sobre uma garota de 13 anos que podia converter-se em estrela e cujas fotos ele havia prometido levar a uma edição futura da revista francesa Vogue", continua Lawson.

"É quase a história mais velha de Hollywood, mas não por isso a menos desagradável".

A defesa "do que ela quis em realidade’ não impressionaria o mundo cultural se o que a propusesse fosse um homem sem pedigree artístico".

Assim como foi "revoltante para a Igreja Católica colocar a reputação de sacerdotes antes do sofrimento dos meninos, assim também aqueles que põem sua fé nos artistas deveriam perceber que eles não têm razão para ir além do bem e do mal", conclui Lawson.