Nas últimas horas, meios de comunicação de todo o mundo dedicaram manchetes ao suposto apoio dos bispos espanhóis ao uso de preservativos para evitar a AIDS . Entretanto, as declarações do Secretário Geral da Conferência Episcopal Espanhola (CEE) –nas quais se apóiam as polêmicas manchetes- reiteraram a postura católica: Para evitar a AIDS terá que promover a abstinência e a fidelidade.

O porta-voz do Episcopado, Juan Martínez Camino, teve uma reunião com a Ministra de Saúde, Elena Salgado, para tratar o tema de prevenção e luta contra a AIDS.

Em declarações à imprensa, o Pai Martínez assegurou que a Igreja está “muito preocupada e muito interessada” neste “problema grave”, e garantiu que a postura do Episcopado –proclamada em reiteradas ocasiões a favor da abstinência e a fidelidade- “está avalizada também por propostas científicas”.

Desta maneira, o porta-voz se referiu à chamada “Estratégia ABC”, publicada em novembro passado pela revista médica The Lancet com o apoio de 150 peritos de 36 países, que pela primeira vez reconheceram que a promoção da abstinência e a fidelidade devem ser consideradas nas campanhas contra o AIDS.

A chamada Estratégia ABC expõe “uma base comum” para prevenir a AIDS com as siglas de abstinência (abstinence), fidelidade (be faithful) e preservativos (condoms).

O sacerdote teria informado a Ministra que a Igreja está contra a generalização sistemática e unilateral do preservativo como única medida de prevenção. Segundo o Padre Martínez, a reunião esteve marcada por um diálogo “muito distendido e muito amável” que solo tratou a atualidade médica e social da doença.

Do mesmo modo, indicou que o encontro lhes permitiu comprovar que existem determinados preconceitos sobre a postura da Igreja na prevenção da AIDS e destacar que a colaboração de “cada um desde seus âmbitos e responsabilidades respectivas é o adequado para tratar de solucionar um problema tão grave como este na Espanha e em todo mundo”.

O Padre Martínez explicou que solicitou a entrevista “para poder compreender bem as posturas (do Governo) em questão” e assim colaborar. “Este é nosso desejo e espero que no futuro se possa avançar neste caminho”, indicou.

Salgado, ao contrário, insistiu que a Igreja não deveria questionar a validade do preservativo na prevenção da AIDS, porque há organismos internacionais que a avalizam.