Ao pronunciar esta manhã um elogio fúnebre ao Cardeal Tomas Spidlík, sacerdote jesuíta falecido no dia 16 de abril aos 90 anos, o Papa Bento XVI explicou que "a vontade de Jesus coincide com a de Deus Pai e com a obra do Espírito Santo, constitui para o ser humano uma espécie de abraço seguro, forte e doce que o conduz à vida eterna".

Ao final da Missa de exéquias celebrada na Basílica de São Pedro pelo Cardeal Angelo Sodano, Decano do Colégio Cardinalício, o Santo Padre assinalou que "os grandes homens de fé que vivem imersos nesta graça, têm o dom de perceber com uma força particular esta verdade e, assim, podem atravessar duras provas, como as atravessou o Padre Tomas Spidlík, sem perder a confiança e conservando, ao contrário, um vivo senso de humor, que é certamente um sinal de inteligência, mas também de liberdade interior".

"Neste aspecto era evidente a semelhança entre nosso chorado Cardeal e o venerável Papa João Paulo II: ambos tinham o dom da ocorrência divertida e a brincadeira, embora quando eram jovens passaram situações difíceis e, em alguns casos, parecidas. A Providência fez que se encontrassem e colaborassem para o bem da Igreja; especialmente para que Ela aprenda a respirar plenamente ‘com seus dois pulmões’, como gostava de dizer o Papa eslavo".

Bento XVI disse logo que "essa liberdade e essa presença de espírito têm seu fundamento objetivo na ressurreição de Cristo. A esperança e a alegria de Jesus ressuscitado são também a esperança e a alegria de seus amigos, graças à ação do Espírito Santo. Demonstrava-o habitualmente o Padre Tomas Spidlík com sua forma de viver, e seu testemunho se tornava cada vez mais eloqüente com o passar dos anos porque apesar da idade avançada e os inevitáveis achaques seu espírito seguia sendo fresco e jovem. O que é isso senão a amizade com o Senhor Ressuscitado?".

Ao escolher como lema de seu escudo cardinalício, "Ex todo corde": com todo o coração, o Cardeal, sublinhou o Papa Bento, "punha, por dizer assim, sua vida dentro do mandamento do amor, inscrevia-a no primado de Deus e da caridade". As palavras "phos" e "zoe" -"luz" e "vida"-, que se encontram no escudo, "são nomes de Deus. Portanto, o ser humano que acolhe plenamente, ‘ex todo corde’, o amor de Deus, acolhe a luz e a vida, e é à sua vez luz e vida na humanidade e no universo".

Finalmente o Papa recordou que o Cardeal Spidlík era membro da Companhia de Jesus, "quer dizer, um filho espiritual daquele São Ignácio que pôs no centro da fé e da espiritualidade a contemplação de Deus no mistério de Cristo. Neste símbolo do coração se encontram Oriente e Ocidente, em um sentido não devoto, mas profundamente cristológico".