O jornal vaticano L’Osservatore Romano (LOR) publica hoje uma breve elucidação sobre dois artigos que publicou no dia 10 de abril, pelo 40° aniversário da separação dos Beatles, no qual assinala que estes textos não constituem "uma absolvição vaticana", da qual, acrescentam, o famoso grupo de Liverpool "não tem naturalmente nenhuma necessidade".

A nota indica que "para recordar o 40° aniversário da separação dos Beatles, o L’Osservatore Romano publicou, na edição do último 10 de abril, dois artigos escritos por Giuseppe Fiorentino e Gaetano Vallini, quem já tinham celebrado, na edição de 22 de novembro, os 40 anos do White Album".

Seguidamente ressalta que "em ambas as ocasiões, muitíssimos meios de todo o mundo –e agora o mesmo Ringo Starr, entrevistado pela CNN– interpretaram esta óbvia atenção a um importante fenômeno musical de nosso tempo como uma absolvição vaticana, da qual os quatro artistas de Liverpool não tinham naturalmente nenhuma necessidade".

Para explicar melhor esta afirmação, o LOR publica um artigo anônimo que deu a conhecer em 14 de agosto de 1966, no qual recorda uma declaração em que John Lenon se retratava, junto com seus companheiros dos Beatles, de sua afirmação "os Beatles são mais populares que Jesus Cristo".

Aquele artigo dava a conhecer a declaração de Lenon em Chicago, Estados Unidos, dizia: "nunca me passou pela cabeça dizer coisas anti-religiosas e estúpidas. Minha intenção era deplorar a atitude atual das pessoas especialmente a dos jovens, em relação ao cristianismo. Nunca disse que os Beatles sejam melhores que Deus ou Jesus. Eu quis fazer que as pessoas entendessem, em particular os jovens, que se interessam mais nos Beatles porque são as pessoas que mais conhecem. Usei como termo de comparação os Beatles porque são pessoas que eles conhecem mais que outras. Parecia-me que isso era dizer algo comum, natural".

A declaração de John Lenon assinalava também que "quando vi que isto estava se convertendo em algo sério comecei a preocupar-me seriamente. Pelo que tenho lido e observado tive a impressão de que o cristianismo não está tão perto das pessoas como no passado, que está perdendo o contato". 

O artigo acrescenta que junto ao líder da banda enquanto lia a declaração, estava também Paul Mc Cartney, que neste momento o interrompeu para dizer "todos nós (os Beatles) deploramos este fato".

"E assim o tema foi fechado", concluía o texto de agosto de 1966.