O Arcebispo de Westminster e Primaz da Inglaterra, Dom Vincent Nichols, também responde às calúnias do New York Times que procuram apresentar ao Papa Bento XVI como um "encobridor" de casos de abusos sexuais cometidos por alguns membros do clero, e explica que ninguém como o Santo Padre trabalhou e trabalha para enfrentar adequadamente este delicado tema.

Ao começar seu artigo publicado na página Web de sua arquidiocese, o Prelado expressa sua dor e vergonha ante estes fatos, e reitera que a Igreja coloca em primeiro lugar "a segurança da criança porque é uma pessoa indefesa".

Seguidamente reconhece que alguns bispos não trataram adequadamente alguns dos casos de abusos sexuais cometidos por clérigos e explica que ante estes casos "o papel da Santa Sé consiste em oferecer uma guia e conselho para garantir a observância dos procedimentos, inclusive a reserva necessária na tutela do bom nome das testemunhas, os acusados e as vítimas. Isto faz parte de um processo jurídico responsável. Esta reserva não tem nenhuma relação com a confidencialidade ou ‘sigilo’ do confessionário, que está protegido pelos direitos de consciência".

O Arcebispo explica logo que "a administração do direito da Igreja e o direito penal em qualquer Estado é um elemento de dificuldade e incompreensão. Nada no direito canônico proíbe ou impede de referir estes delitos à polícia".

Entretanto, prossegue, "desde ano 2001 a Santa Sé, através da Congregação para a Doutrina da Fé (presidida nesse então pelo Cardeal Ratzinger, hoje Bento XVI) alentou a que este tipo de ações nas dioceses que se provaram como delitos de abusos a crianças, sejam delitos que a autoridade diocesana tinha o dever de fiscalizar. É uma responsabilidade da diocese. O procedimento canônico deve esperar até que a investigação penal tenha concluído, e até que isto obtenha um resultado, qualquer que seja ele. Isto é necessário. O fato de que isto não tenha ocorrido é profundamente reprovável".

Acima de tudo isto, o Arcebispo questiona: "qual é o papel do Papa Bento? Quando era Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé introduziu importantes mudanças no direito da Igreja: incluiu no direito canônico os delitos contra as crianças cometidos através da Internet, estendeu os delitos de abusos a crianças até incluir todos os abusos cometidos a menores de 18 anos, a renúncia caso por caso à prescrição e a elaboração de um sistema de rápida remoção do estado clerical dos acusados. O Papa não é um observador ocioso. Suas ações falam tanto como suas palavras".

Dom Nichols explica logo que em seu país a Igreja está determinada a dar plena segurança aos menores e logo comenta que um só abuso "já é muito. Uma criança abusada é uma tragédia e uma desgraça. Um só caso é suficiente para justificar a raiva e a indignação".

"A obra de proteção, necessária em qualquer organismo e em toda nossa sociedade, é difícil mas absolutamente necessária. A Igreja Católica está empenhada nesta obra", conclui.