O Presidente do Pontifício Conselho para a Cultura, Dom Gianfranco Ravasi, assinalou que no último encontro do Papa Bento XVI com os artistas, “muitos deles nos pediram explicitamente renovar a colaboração e voltar a elaborar projetos comuns” com a Igreja.

“Acolhendo os numerosos artistas, procedentes dos diferentes continentes, percebemos claramente seu desejo e sua vontade de confrontar-se com a Igreja e com seu patrimônio espiritual, ideal e cultural, retomando o diálogo interrompido ou fragmentário da última fase histórica”, expressou o Prelado em diálogo com Gustavo Villavicencio, do jornal El Mercurio do Chile.

No diálogo, Dom Ravasi assinalou que atualmente os cristãos estão menos presentes no mundo da arte, “comparado a outros momentos históricos”, devido a dois motivos fundamentais.

“Por uma parte, a Igreja, pensemos sobre tudo nos últimos dois séculos, encerrou-se às vezes em si mesma, desinteressando-se dos fenômenos culturais e das tendências que atuam intensamente nas pessoas e nas consciências; por outro lado, não faltaram, e não faltam ainda, correntes filosóficas, políticas, econômicas e culturais que obstaculizam a ação da Igreja e atuam para marginá-la e privá-la de qualquer possibilidade de comunicação e intervenção nas sociedades”, indicou.

A autoridade vaticana destacou a importância do decoro na arte e a liturgia e explicou que “na história da Igreja e da arte cristã encontramos duas correntes fundamentais, ambas importantes e certamente complementares: uma primeira corrente sustenta que a beleza e a riqueza das obras de arte reenvia à Beleza mesma de Deus”.

“A outra, em troca, propõe a essencialidade e a simplicidade das formas para que emirja ainda mais a absoluta beleza de Deus. Evidentemente, as duas possibilidades correspondem a sensibilidades e contextos culturais e artísticos diferentes”, finalizou.