O Prefeito Emérito da Congregação para as Causas dos Santos, o Cardeal português José Saraiva Martins, esclareceu que o possível milagre experimentado por uma religiosa francesa por intercessão de João Paulo II ainda não foi examinado pela Comissão Médica vaticana.

O Cardeal Saraiva fez estas declarações a um grupo de jornalistas em Roma em alusão às informações publicadas há um mês na imprensa polonesa e nas que se afirmava que esta comissão tinha rechaçado o milagre supostamente experimentado pela religiosa francesa Marie Simon Pierre. O Cardeal esclareceu que o milagre não pode ter sido rechaçado "porque os médicos ainda não se ocuparam de examiná-lo".

O procedimento de aprovação de um milagre por intercessão de uma determinada pessoa implica, primeiro, "que seja aprovado por uma Comissão Médica, que certifica que o fato é inexplicável à luz da ciência e que a cura é instantânea, completa e duradoura", explicou o Cardeal.

Antes de começar o exame oficial, "a Congregação está acostumada pedir a dois médicos sua opinião prévia" sobre o caso, o qual é algo "reservadíssimo". Entretanto, no caso da religiosa francesa, um dos dois médicos expressou suas dúvidas e "a notícia saiu à luz", lamentou o Cardeal Saraiva. Mesmo assim, isto não quer dizer que o milagre tenha sido rechaçado, mas, como é de costume, a Congregação pedirá uma terceira opinião antes de iniciar o exame oficial do caso.

Se a valorização dos médicos é positiva, o milagre passará a ser avaliado por uma Comissão Teológica, que estudará se o fato se deve ou não à intercessão de João Paulo II. Depois, deverá superar a análise dos 30 membros da Congregação para as Causas dos Santos, que são como o "Parlamento" da congregação.

Perguntado sobre se isto poderia atrasar a data de beatificação de João Paulo II, o Cardeal Saraiva assinalou que "não se pode falar de atraso porque nunca foi fixada uma data".