Mesmo depois do enérgico rechaço dos bispos dos Estados Unidos e ao de diversas organizações civis, o senado aprovou no domingo a reforma da saúde alentada pela administração Obama que permitiria o uso de recursos federais para promover o aborto e não respeita o direito à objeção de consciência dos médicos e as instituições que não estão de acordo com esta prática.

Em sua última declaração enviada aos senadores sobre esta reforma, logo depois de uma extensa lista de declarações, artigos, cartas e pronunciamentos a respeito, os bispos dos Estados Unidos recordam que "a reforma da saúde deve proteger realmente a vida, as consciências e a saúde de todos, o que constitui um imperativo moral e uma prioridade nacional urgente".

Os prelados indicam logo que a nova lei deveria "proteger a vida e a consciência, não ameaçá-las. Este projeto estende a cobertura do aborto, permite que recursos federais paguem por eles e nega o adequado amparo de consciência aos indivíduos e as instituições".

Os bispos explicam além que "o status quo proíbe ao governo federal o financiamento ou a facilitação de planos que incluem o aborto. A lei do Senado claramente viola esta proibição ao proporcionar subsídios para comprar estes planos".

O texto também denuncia que a cobertura da reforma vai gerar que muitos não possam contar com atenção médica: "a lei do senado não só negará que os imigrantes tenham acesso ao Medicaid (programa de saúde do governo) por cinco anos, mas também proíbe que os não-documentados possam comprar seguros para suas famílias".

"Com grande pesar, mas com um claro juízo moral, estamos obrigados a seguir alentando os membros do Senado a opor-se a esta lei a menos que as falhas fundamentais sejam revertidas. Neste crítico momento pedimos aos representantes que tomem as medidas necessárias para assegurar uma reforma de saúde que respeite a vida e a dignidade, desde a concepção até a morte natural", conclui a carta.

Esta terça-feira 23 de março, o Presidente Obama promulgaria a lei, aprovada por 219 votos a favor e 212 em contra. Entretanto, doze estados já anunciaram demandas contrárias à sua aprovação.

O assunto do financiamento dos abortos com recursos federais ainda está em debate. A lei o contempla, mas Obama o teria revogado mediante uma resolução não permitir que isto aconteça. Assim e diante da eminente aprovação da reforma sanitária, este tema ainda está em discussão.