Em uma entrevista em espanhol concedida ontem à agência ACI Prensa, que encabeça o grupo ACI do qual nossa agência faz parte, o Presidente do Movimento Cristão Liberação, Oswaldo Payá, reiterou seu pedido para que o preso político Guillermo Fariñas deponha sua greve de fome, e alentou a seguir lutando pela liberdade e a democracia em Cuba e explicou que o governo "insulta a inteligência da opinião pública" com as mentiras que diz sobre a morte de Orlando Zapata Tamayo.

Na primeira parte da entrevista com ACI Prensa, Payá assinala que a greve de fome de Fariñas constitui uma "demanda de liberação dos detentos que estão doentes, e nós lhe pedimos e desejamos que abandone essa greve. Mas ao mesmo tempo dizemos ao mundo que seja solidário não com a greve em si, mas com sua demanda que é a liberdade dos homens que estão na prisão unicamente por defender os direitos das pessoas" que denunciaram "a violação do direito dos pobres, indefesos, dos que são vítimas de abusos".

Seguidamente se referiu à crítica situação dos detentos políticos ou de consciência: "são tratados como detentos comuns. Tenho muitos informes de detentos políticos que recebem a perseguição, o ultraje de detentos comuns à vista das autoridades da penitenciária e a segurança de estado".

"Muitas vezes longe da família, em um extremo de aglomeração, que apenas têm água para beber, e onde fazer suas necessidades em papéis ou bolsas. E com uma situação ambiental de perseguição permanente. Além de estarem detentos injustamente. A isto se somam atitudes sistemáticas de ultraje ou golpes como os que recebeu Orlando Zapata".

Ao falar do caso de Zapata, quem faleceu recentemente, Payá explicou que o condenaram inicialmente "a 3 anos, e depois dentro do cárcere foram realizando julgamentos arbitrários depois de provocações, e o condenaram a mais de 36 anos de prisão".

Seguidamente precisou que "eu não sou o juiz de meus irmãos, eu não quero que eles morram, que façam greve de fome. Mas tenho que ver em primeiro lugar como um ser humano, como um filho de Deus. Como um irmão meu que é vítima de uma opressão".

O líder relata que por essa opressão "Zapata se declara em greve de fome. Metem-no em uma prisão, em uma cela que é uma autêntica jaula. Inclusive temos informação de que lhe suspenderam até mesmo a água por alguns dias. Ele esteve em um processo de aniquilamento consciente por parte das autoridades que inclusive declaram que chegam a atendê-lo no hospital depois de 40 dias, como aos 48 dias de estar nesta situação".

Falando da greve de fome, Payá disse que esta constitui "um ato vamos dizer desesperado, mas desesperado porque não tem outro recurso o prisioneiro e por isso terá que apoiar sua demanda e terá que pedir quando um prisioneiro está em greve de fome que fiquem suas demandas que não são as mentiras que disse o governo cubano, que é um insulto à inteligência da opinião pública. E de um trato mais digno, mais respeitoso ao ser humano".

Depois de afirmar que deve haver uns 200 prisioneiros políticos atualmente em Cuba, Oswaldo Payá disse à ACI Prensa que o governo se ampara na "lei de periculosidade" para encarcerar pessoas e não fazê-las aparecer como detentos por uma causa política.
O governo, indicou, "considera delinqüentes e agentes do imperialismo todo cubano que é julgado por motivos políticos Esses motivos políticos, neste caso é defender os direitos humanos, fazer proposta de mudanças pacíficas, denunciar violações dos direitos humanos, organizar-se em movimentos cívicos pacíficos para promover a dignidade, os direitos e até a informação".

"Isso fez Stalin, Hitler, Franco, o fazia Pinochet, Sadam Husein e o faz o governo doe Fidel e Raúl Castro", concluiu.

Para escutar a primeira parte da entrevista de Oswaldo Payá concedida à ACI Prensa em idioma espanhol ingresse a: http://www.acinews.net/mp3/noticias/primeraparte_entrevistaoswaldopaya.mp3