O presidente do Movimento Cristão Liberação (MCL), Oswaldo Payá, reiterou seu rechaço às greves de fome, pedindo especialmente ao prisioneiro Guillermo Fariñas que abandone esta medida extrema; ele destacou seu contínuo apoio a luta pela liberdade e a democracia em Cuba.

Em um artigo publicado no sábado pelo jornal espanhol ABC titulado "Os sinos dobram por todos", Payá afirmou que "se nesta luta pela liberação, deixamos a vida no caminho ou os que nos perseguem nos matam, que assim seja. Mas não alentamos greves de fome nem conduta alguma que atente contra a vida do próximo ou própria".

Por isso, disse, "deploramos toda publicidade e estratégia que centrem suas expectativas na morte de um ser humano. Não temos planos de mudanças apoiadas na morte de ninguém".

"Por isso pedimos a nosso irmão Guillermo Fariñas que não continue na greve de fome. Só queremos celebrar a vitória do seu sacrifício se ele viver. A vitória da liberdade só será fruto da ação de todo um povo e não de uma pessoa".

Ao referir-se logo ao caso de Orlando Zapata Tamayo, Oswaldo Payá assegurou que ele foi morto "com a tortura, os golpes e o ultraje. Morreu, de sua parte, com grande coragem e dignidade, mas encerrado e na maior indefesa, vítima de um aparelho de estado repressivo que se enfureceu com ele. Este é um horror, que denúncia o horror que sofre todo o povo".

"Esse outro horror é a mentalidade, convertida em doutrina que, segundo o caso, odeia, ofende, ameaça, persegue, infama, vigia, exclui, encarcera e chega, como fizeram com Zapata, a aniquilar ao que não se submete, ao que se atreve a proclamar sua própria liberdade e a do próximo. Mas quem aplica essa mentalidade na luta contra o regime também causa dor humana e cobra vidas inocentes".

Finalmente o presidente do MCL sublinhou que "a luta de Zapata é a nossa; sem ódio e sem violência. Deus queira que seu martírio sirva aos cubanos para que nos identifiquemos todos como irmãos e assim empreender o caminho para a reconciliação, a liberdade e a paz".