Ao receber esta manhã os participantes do curso anual sobre o Foro Interno organizado pela Penitenciaria Apostólica, o Papa Bento XVI insistiu aos confessores a estabelecer o diálogo de salvação e misericórdia penitentes que os levará para Deus, em meio de um mundo que vive uma "crise" do Sacramento da Penitência.

O Papa recordou que o curso coincide esta vez com o Ano Sacerdotal, dedicado a São João Maria Vianney, que "exerceu de forma heróica e fecunda o ministério da reconciliação. Do Santo Cura D’Ars, nós, sacerdotes, podemos aprender não somente uma confiança inesgotável no Sacramento da Penitência que nos leve a colocá-lo novamente no centro de nossas preocupações pastorais, mas também o método do ‘diálogo de salvação’ que nele deve ter lugar".

"A consciência das limitações próprias e a necessidade de recorrer à Misericórdia Divina para pedir perdão, para converter o coração e ser sustentados no caminho da santidade são fundamentais na vida do sacerdote: só os que experimentaram em primeira pessoa sua grandeza podem anunciar com convicção e administrar a Misericórdia de Deus", afirmou o Santo Padre.

O contexto cultural atual, "caracterizado pela mentalidade hedonista e relativista, que tende a cancelar Deus do horizonte da vida, não favorece a visão de um claro marco de valores de referência e não ajuda a discernir o bem do mal, nem a amadurecer o justo sentido do pecado", não é tão diferente do que viveu São João Maria Vianney, em cuja época "existia uma mentalidade hostil à fé, expressa por forças que tentavam inclusive impedir o exercício do ministério".

"Nessas circunstâncias, o Santo Cura D’Ars fez da ‘igreja sua casa’, para levar os seres humanos para Deus, apresentando-se a seus contemporâneos como um sinal totalmente evidente da presença de Deus que tantos penitentes se sentiram levados a aproximar-se do seu confessionário", explicou o Papa.

Por isso, é necessário que "os presbíteros vivam com espírito elevado sua resposta à vocação, porque somente aqueles que cada dia são presença viva e clara do Senhor podem suscitar nos fiéis o sentido do pecado, dar valor e fazer que nasça o desejo do perdão de Deus".

"A ‘crise’ do Sacramento da Penitência, da que tanto se fala, interpela acima de tudo os sacerdotes e a sua grande responsabilidade de educar ao Povo de Deus nas exigências radicais do Evangelho", sublinhou Bento XVI.

"Em particular, é pedido que se dediquem generosamente à escuta das confissões sacramentais; que conduzam com valor a seu rebanho para que não se conforme à mentalidade deste mundo, mas sim saiba tomar decisões também contracorrente, evitando acomodações ou compromissos", explicou.

Finalmente o Papa Bento convidou os sacerdotes a estabelecerem com os penitentes o "diálogo de salvação" proposto pelo Cura D’Ars. Um diálogo que "nascendo da certeza de sermos amados por Deus, ajuda ao ser humano a reconhecer seus pecados e a introduzir-se progressivamente na dinâmica estável de conversão do coração que desemboca na renúncia radical do mal e em uma vida segundo Deus quer".