O Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Pe. Federico Lombardi, respondeu esta terça-feira a uma carta dirigida a ele e publicada em distintos meios, escrita pela membro da Pontifícia Academia para a Vida e Diretora da Aliança para a Família, Christine de Marcellus Vollmer. Esta resposta foi dada a conhecer pelo vaticanista italiano Sandro Magister.

Em sua resposta, o Padre Lombardi explica que "a carta da senhora Vollmer contém –entre outras coisas– uma referência a uma conferência de imprensa em Luanda que considero parcial, enganosa, falsa e caluniosa sobre mim, e que de fato não foi dada a conhecer por Sandro Magister (que entretanto reproduz as outras partes da carta),e que há tempos está melhor informado dos fatos".

O sacerdote jesuíta diz logo que "como poderiam facilmente testemunhar os jornalistas efetivamente presentes em Luanda e que entendiam de que coisa falava, minha breve intervenção à margem daquele encontro de jornalistas com dois bispos africanos procurava explicar o contexto africano específico ao que se referiam as palavras do Papa, quer dizer o Protocolo de Maputo, que está explicitamente citado no texto escrito do discurso do Papa em Luanda".

"Àqueles que então me solicitaram ulteriores explicações eu dei a conhecer a clássica doutrina da Igreja sobre o aborto. É incrível que a um ano de distância sigam atribuindo a mim palavras, entre aspas e sublinhadas, que nunca escrevi (e considero que nunca as disse), apoiando-se em relatórios orais pouco confiáveis de segunda ou terceira mão", prossegue.

Sandro Magister assinala que "na carta de Christine de Marcellus Vollmer havia com efeito uma parte que o seu blog, ‘Settimo cielo’, não reproduziu. E não o reproduziu porque está construída sobre uma entrevista incorreta".

A entrevista que Christine de Marcellus Vollmer adjudica ao Padre Lombardi como se este a tivesse pronunciado em Luanda, Angola, e que se vinculou ao caso da menina de nove anos grávida no Brasil que foi submetida ao aborto de seus gêmeos, é a seguinte: "O Papa não falou absolutamente do aborto terapêutico e não disse que deva ser sempre rechaçado’".

Magister explica que "as palavras aqui atribuídas ao Padre Lombardi foram extraídas textualmente do serviço que http://chiesa.espresso.repubblica.it/?sp=e dedicou em 23 de março de 2009 ao duplo aborto da menina de Recife e às polêmicas que acompanharam a viagem de Bento XVI a Camarões e Angola. Palavras à sua vez tomadas por agências e jornais nesses dias".

Entretanto, explica Magister, "é necessário precisar que logo depois da publicação daquele serviço de http://chiesa.espresso.repubblica.it/?sp=e ,resultou que o Padre Lombardi não se expressou em absoluto em termos equívocos em relação à ‘doutrina clássica’ da Igreja sobre o aborto, e tampouco tinha feito essa afirmação que segue alterando os pró-vida: ‘O Papa não disse que o aborto terapêutico deva ser sempre rechaçado’".

Magister prossegue indicando que "naquela ocasião, o Padre Lombardi quis sobre tudo explicar aos jornalistas que a referência feita pouco antes pelo Papa ao Protocolo de Maputo e à promoção do aborto como ‘cura da saúde materna’ não se referia de modo algum ao caso da menina brasileira e ao chamado aborto ‘terapêutico’".

"Para evitar qualquer mal-entendido, desde hoje essa entrevista que revelou ser inexata não aparece mais no serviço de http://chiesa.espresso.repubblica.it/?sp=e de 23 de março de 2009", prossegue.

Magister conclui assinalando que "se um ‘caso Fisichella’ tem motivo de existir, baseado nas palavras escritas e nunca retiradas, um ‘caso Lombardi’ não, não tem fundamento algum".