O L’Osservatore Romano (LOR) comentou em sua edição de ontem a vitória de Kathryn Bigelow, a primeira mulher em obter o galardão como melhor diretora pela produção do filme "The Hurt Locker" (Guerra ao Terror). Este filme que obteve cinco prêmios venceu o sucesso de bilheteria “Avatar” do diretor James Cameron na 82ª edição dos prêmios Oscar, realizada no último domingo em Los Angeles.

Em um artigo intitulado "As tesouras da diretora como a funda de David" no qual se compara a vitória de Bigelow –que produziu sua produção com baixo orçamento e de maneira independente– ao triunfo deste personagem bíblico sobre Golias, destaca-se que embora a produção Avatar seja "um produto de alta engenharia, já desde algumas semanas se sussurrava a meia voz que o (filme) de James Cameron fosse um gigante de argila, aparentemente inatacável e em todo caso suscetível de ser derrubado em pedaços pelo David de Kathryn Bigelow e por sua relativamente pequena estrutura produtiva, provida em troca de uma montagem que constitui sua fenomenal e muito precisa funda".

Depois de elogiar o trabalho de anos de James Cameron, o L’OR comenta que "se se decide abandonar totalmente a cinematografia para confiar-se nos efeitos especiais, arrisca-se muito. Pode-se perder a sensibilidade dos meios expressivos que o cinema oferece. Assim se vê que Avatar parece, mais que um filme, uma seqüência de imagens singularmente maravilhosas mas colocadas simplesmente uma ao lado da outra".

O artigo assinala logo que "enquanto Cameron segue movendo-se com seus milhões de dólares, Bigelow, em tempos de cinema sempre mais comercial e presa da quimera da 3D, tem o valor e a força de vontade de sujar as mãos com o que esta antiga invenção ofereceu também em seus começos: uma produção de celulóide e um par de tesouras que usa verdadeiramente como nenhum outro".