Uma coalizão de 16 organizações lideradas pela IPPF, o maior fornecedor de abortos do mundo, está propondo a criação de uma "super agência de gênero" ao interior da Organização das Nações Unidas e solicitaram para isso um orçamento anual de um bilhão de dólares para promover o aborto e o controle natal nos países em vias de desenvolvimento.

A campanha foi lançada na terça-feira em Nova Iorque durante a 54º reunião do Comitê do Status da Mulher com o objetivo de pressionar os delegados oficiais dos países assistentes a este evento para que a ONU crie a agência que se dedicaria a impor a chamada "perspectiva de gênero" às políticas públicas de todos os países do mundo, mas especialmente os mais pobres.

GEAR foi a sigla em inglês para o plano que denominaram a "Arquitetura do Gênero".

Uma nota distribuída entre os participantes do evento estima que o "orçamento inicial" desta agência seria de 1 bilhão de dólares anuais; e que este deveria ir incrementando-se.

Em um custoso evento paralelo às reuniões do Comitê do Status para a Mulher e dirigido somente ao tema da GEAR, porta-vozes da IPPF assinalaram que renunciaram no momento à sua usual agenda a favor do aborto e da aprovação dos supostos "direitos sexuais" para "criar um ambiente não polêmico que não afete a proposta do GEAR".

Entretanto, Carlos Pólo, Diretor do escritório do Population Research Institute (PRI) para a América Latina, que participa deste evento em Nova Iorque, assinalou à agência ACI Prensa que "o ambiente ao interior da reunião está muito rarefeito. A incomum exclusão dos usuais temas polêmicos causou divisão entre os grupos feministas radicais e as organizações promotoras do GEAR. Uns querem que sua agenda avance e outros apostam pela agência do gênero. São vários os grupos feministas que já se expressaram abertamente que não querem ‘cálculos políticos’ e desejam ir além do que foi aceito na Plataforma de Beijing em 1995."

"Por outro lado", segue explicando Pólo, "o GEAR não esquentou muito o ambiente. A não-presença do Secretário Geral da ONU, Ban Ki Moon, nem de nenhum outro funcionário de alto nível, desmereceu muito a reunião. As delegações oficiais tampouco responderam. Somente umas quantas Ministras da Mulher principalmente de países muito pobres se fizeram presentes. A única exceção foi a presença da Ministra espanhola Bibiana Aido, muito reconhecida pela lei do aborto irrestrito na Espanha, quem esteve somente durante os 5 minutos que durou seu discurso breve".

O chamado a aproveitar a "oportunidade histórica para criar esta agência" feito pela Vice Secretária Geral, a Dra. Asha-Rose Migiro da Tanzânia, não encontrou eco nos discursos das delegações oficiais e segundo Pólo "já corre o rumor nos corredores da sede central das Nações Unidas é um mau momento para pedir 1 bilhão de dólares anuais para criar mais burocracia".

"Não é um segredo para ninguém a estreita relação entre a ideologia de gênero e a promoção do aborto. O que é realmente impactante em tudo isto é que tanto dinheiro seja destinado às mesmas coisas que em 15 anos não deram resultados positivos. As mulheres seguem tão pobres e relegadas como antes ou pior e as organizações que dizem defendê-las querem agora multiplicar-se exponencialmente", lamentou Pólo.