Trinta e três presos políticos encerrados nos cárceres cubanos enviaram uma carta ao líder sul-africano Nelson Mandela para expressar que, depois "das grades da intolerância", celebrarão o 20º aniversário de sua liberação; com a segurança de que "você com seu grande coração, celebrará como seu, no próximo 18 de março, o sofrimento de nosso sétimo ano na prisão".

A carta foi redigida pelo preso de consciência e dirigente do Movimento Cristão Liberação (MCL), Antonio Ramón Díaz Sánchez, condenado a vinte anos na Prisão de Canaletas (na localidade de Ciego de Ávila). Posteriormente, e depois de superar várias travas, pôde ser assinada por outros 32 presos em outras prisões.

O texto recorda que com a liberação de Mandela em 11 de fevereiro de 1990, o mundo "presenciou o início de um processo de mudanças" que terminaram com uma ordem social irracional e pôs fim "ao repugnante regime do Apartheid".

"Nós e muitos cubanos, e você e muitos de seus compatriotas, conhecemos a dor do cárcere, só por querer contribuir desde nossa própria identidade o que consideramos melhor para o bem comum, que não é outra coisa que a igualdade de deveres e direitos para todos os cidadãos", expressa a carta.

Nesse sentido, explicaram a Mandela que há um mês e uma semana "depois de seu vigésimo aniversário fora da prisão, nós cumpriremos o sétimo ano de injusto cativeiro" por solicitar mudanças pacíficas para Cuba e o respeito aos direitos humanos.

"O ultra-totalitarismo que impera em Cuba, há mais de meio século é um sistema de segregação quanto a direitos civis e políticos, que sem anunciá-lo claramente em leis e pôsteres públicos, na prática só podem ser exercidos para apoiar o governo", denunciaram os assinantes.

Indicaram que assim como aconteceu com Nelson Mandela e o Congresso Nacional Sul-Africano, "nos acusa constantemente de defender interesses e ideologias de potências estrangeiras, argumento utilizado para mascarar a repressão política e justificar as largas condenações na prisão".

Finalmente, a carta manifesta a solidariedade dos detentos cubanos com Mandela e transmitem "a você e a todos os sul-africanos muitas felicidades nesta celebração mundial do vigésimo aniversário do fim do seu cativeiro".

O MCL explicou que o texto só pôde ser assinado por 33 prisioneiros devido às dificuldades de comunicação. "A impossibilidade de entregar-lhes o texto ou a notícia da existência desta carta a outros muitos prisioneiros políticos, é a razão pela que faltam muitos nomes de prisioneiros políticos que certamente a assinariam", assinalou.

O MCL reafirmou sua "demanda de liberação incondicional e imediata de todos os prisioneiros políticos cubanos".

A carta, com a lista dos 33 prisioneiros, o nome dos cárceres e as condenações, podem ser lida em espanhol no site: http://www.oswaldopaya.org/es/up/carta-presos-cubanos-a-mandela.doc