No meio do debate pela negação do Governo cubano para que a Doutora Hilda Molina possa sair do país para reunir-se com seu filho e familiares na Argentina, o jornal Novo Século On Line publicou um contundente artigo onde revela as verdadeiras causas da retenção, que têm como ponto central o arbitrário negócio do aborto promovido pelo Estado.

O artigo afirma que a Dra. Molina pertence ao Centro Internacional de Restauração Neurológica (CIREN), uma instituição patrocinada pelo Estado cubano que descobriu a chamada “substância nigra fetal”, constituída por células espinhais e tecido neural de embriões humanos, e para que tenha seus efeitos regenerativos no tecido nervosa de adultas deve ser transplantada de um embrião vivo.

O texto –difundido por diversas páginas Web da dissidência cubana– cita as afirmações do diretor da instituição, Dr. Julián Alvarez, em um livro titulado “Artesãos da vida”, onde explica que “atualmente, realizam-se 100 mil abortos anuais. O CIREN se encontra em capacidade por isso de obter com relativa facilidade o tecido embrionária, para seu emprego nestes tratamentos”.

“O governo cubano utiliza estes 100 mil abortos para suas estatísticas da ‘baixa mortalidade infantil em Cuba’”, adiciona o jornal.

Em aterradoras declarações, o Dr. Alvarez continua dizendo que “o dia programado para realizar um neurotrasplante, uma equipe de especialistas de nosso centro se desloca a uma maternidade de cidade de Havana, onde cada dia se realizam dezenas de interrupções. Assim se obtém o tecido embrionária, sempre depois da aprovação da doadora (a mãe), que se transporta imediatamente e nas condições requeridas a nossa instituição”.

Frente a isto, o artigo denuncia que “todos os que conhecem as interioridades da vida em Cuba sabem que as ‘pacientes’ não podem decidir nada a respeito. Muitos dos abortos ou ‘interrupções’ se fazem de acordo às necessidades do CIREN”.

“Se alguém pusesse reparos de ordem moral ou pensasse –com senso comum– que uma taxa alta de abortos em Cuba é conveniente às necessidades do CIREN, então se encontrará com essa mesma argumentação que ouvimos cada vez que se expõe o debate em nossas terras”, afirma o jornal e acrescenta que “a quem vejo com temor certos publicitados ‘avanços’ científicos como a clonagem humana e a possibilidade de desenvolver seres humanos ‘de reposição’, argumentações como as do doutor Alvarez nos produzem simplesmente terror”.

 Negócio obscuro

O artigo do Novo Século On Line explica que “as ‘interrupções’ cubanas que abastecem diariamente o CIREN de ‘substância nigra fetal’ são legais e patrocinadas pelo Estado. Um Estado  que, digamo-lo sem rodeios, um planejamento familiar que fora muito, mas muito bem-sucedida (em que cada mulher cubana tivesse fácil acesso a um dispositivo intra-uterino, por exemplo), seria inconveniente”.

“O que faria um centro de excelência como o CIREN, que tantos euros e dólares lhe representa ao erário cubano, se baixasse a taxa de ‘interrupções’? Teria que associar-se com a clandestina seita dos raelianos, para produzir substância nigra fetal de outro modo? São só conjeturas”, afirma o texto.

Entretanto, “a reflexão sobre o CIREN e seus métodos vem a conto, como é óbvio, do caso Hilda Molina, que tantas dúvidas, contramarchas e renúncias está custando ao Governo”.

Mas a Doutora Molina é o CIREN. E dizer CIREN em Cuba quer dizer um bem estratégico. E um segredo de Estado. O que aconteceria a Doutora Molina, uma vez fora da ilha, decidisse ficar a viver com seu filho e seus netos em outro país? O que aconteceria decidisse escrever suas memórias, ou acaso revelar algum de seu ‘segredos de Estado’?”, acrescenta o artigo.

Finalmente, o texto acrescenta que “o que a diplomacia cubana não se anima a dizer, já que seria muito difícil de dizer em linguagem diplomática, é que a Doutora Molina, com seus conhecimentos, sua memória e seus segredos, pertence ao Estado, pertence ‘à Revolução’. O mesmo que centenas de milhares de cubanas. O mesmo que centenas de milhares de cubanos não nascidos”.