O bispo negacionista do holocausto e um dos quatro da fraternidade São Pio X a quem o Papa Bento XVI levantou a excomunhão o ano passado, Richard Williamson, assinalou recentemente que as negociações de seu grupo com a Santa Sé constituem "uma conversação entre surdos" no qual nunca vai se chegar a um acordo.

Na entrevista de quinze minutos em francês, publicada no site Dailymotion, Williamson assinala sobre as conversações alentadas pelo Papa Bento XVI "chegará a converter-se em um diálogo de surdos porque as duas posições (dos lefebvristas e a Santa Sé) são absolutamente irreconciliáveis".

O bispo negacionista, pertencente à fraternidade que agrupa os seguidores do arcebispo Marcel Lefebvre que morrera excomungado, fez uma comparação "matemática" tentando mostrar que seu grupo está no correto e a Santa Sé está equivocada. Assim, identificou aos lefebvristas com os que pensam que "dois mais dois são quatro" e advertiu que a Santa Sé considera erradamente que "dois mais dois são cinco".

Esta perspectiva, disse, "faz que dois mais dois são quatro seja irreconciliável com o fato de que dois mais dois são cinco".

Esta caprichosa figura de Williamson, segundo suas próprias palavras, daria como resultado um de três cenários: "ou os que dizem que dois e dois são quatro renunciam à verdade e se aderem aos que dizem que dois e dois são 5, quer dizer, a fraternidade abandonaria a verdade, que Deus nos faz defender, ou acontece que os que dizem que dois e dois são cinco se convertem e voltam para a verdade", com o qual afirma que a Santa Sé e o Papa estão equivocados.

O terceiro cenário de Williamson seria que "os dois grupos chegam a meio caminho e todo mundo fica de acordo em que dois e dois são quatro e meio. Este último é falso".

"Então –conclui interpretando os três cenários que expõe– ou a fraternidade se converte em uma traidora ou Roma se converte ou terminamos em um diálogo de surdos".

Exigências da Santa Sé

Williamson expressa assim seu rechaço ao que foi querido pelo Papa Bento XVI e a Santa Sé, que em um comunicado em fevereiro do ano passado assinalava que depois da "mão estendida" do Santo Padre "espera-se que se expresse uma igual disponibilidade por parte dos quatro bispos (da Fraternidade São Pio X) em total adesão à doutrina e à disciplina da Igreja".

"O levantamento da excomunhão liberou aos quatro bispos de uma pena canônica muito grave, mas não mudou a situação jurídica da Fraternidade São Pio X, que no momento atual, não goza de nenhum reconhecimento canônico na Igreja Católica. Além disso os quatro bispos, embora já não estejam excomungados, não têm uma função canônica na Igreja e não exercitam licitamente um ministério nela", indicava.

Para um futuro reconhecimento da Fraternidade São Pio X, explicava o texto da Secretaria de Estado, "é condição indispensável o pleno reconhecimento do Concílio Vaticano II e do Magistério dos Papas João XXIII, Paulo VI, João Paulo I, João Paulo II e do mesmo Bento XVI".

Ao referir-se às declarações negacionistas de Williamson, a nota precisava que estas "são absolutamente inaceitáveis e firmemente refutadas pelo Santo Padre, como ele mesmo remarcou em 28 de janeiro" de 2009, na Audiência Geral desse dia.

"O bispo Williamson, para uma admissão às funções episcopais na Igreja deverá também tomar distância publicamente e de modo totalmente inequívoco sobre suas posições quanto à Shoah, não conhecidas pelo Santo Padre ao momento do levantamento da excomunhão".

Finalmente, a nota assinalava que "o Santo Padre pede o acompanhamento da oração a todos os fiéis, para que o Senhor ilumine o caminho da Igreja. Que cresça o esforço dos pastores e de todos os fiéis no sustento da delicada e grave missão do Sucessor dos Apóstolos Pedro que é 'custódio da unidade' na Igreja".