Em uma nota dada a conhecer faz uns dias sobre a assinatura do segredo que reconhece as virtudes heróicas do Servo de Deus Pio XII, o Diretor do Gabinete de Imprensa da Santa Sé, Pe. Federico Lombardi, explicou que este fato não constitui uma provocação para os judeus, mas o reconhecimento da santidade do Papa Pacelli.

Na nota, se indica que "a assinatura por parte do Papa do decreto ‘sobre as virtudes heróicas’ de Pio XII suscitou diversas reações no mundo judeu, provavelmente porque se trata de uma assinatura cujo significado está claro no âmbito da Igreja Católica e dos ‘especialistas na matéria’, e merece uma explicação para um público mais amplo, em particular o judeu, compreensivelmente muito sensível por quanto respeita ao período histórico da Segunda Guerra Mundial e do Holocausto".

A nota explica depois que “quando um Papa assina um decreto sobre as ‘virtudes heróicas’ de um Servo de Deus confirma a valorização positiva que a Congregação para as Causas dos Santos já votou”.

Naturalmente, continua, “leva-se em consideração nesta valorização as circunstancias que viveu a pessoa; é necessário, pois, um atento exame desde o ponto de vista histórico, mas a valorização se refere essencialmente ao testemunho de vida cristã que deu essa pessoa (sua intensa relação com Deus y a contínua busca da perfeição evangélica) e não a valorização do alcance histórico de todas as suas decisões operativas".

Continuando, o texto recorda que com motivo da beatificação de João XXIII e Pio IX, João Paulo II dizia: "a santidade vive na história e todo santo não escapa dos limites e condicionamentos próprios de nossa humanidade. Beatificando a um de seus filhos, a Igreja não celebra as opções históricas particulares que fizeram, mas o indica para a imitação e a veneração por suas virtudes em louvor da graça divina que resplandece nelas".

“Com isso não se destina a limitar a discussão sobre as opções concretas que levou a cabo Pio XII na situação em que se encontrava. Por sua parte, a Igreja afirma que se efetuaram com a pura intenção de desenvolver o melhor possível o serviço de altíssima e dramática responsabilidade do pontífice. Em todo caso, a atenção e a preocupação de Pio XII pelo destino dos judeus –algo que certamente é relevante para a valorização de suas virtudes– são amplamente reconhecidas e atestadas também por numerosos judeus”.

"Por tanto, segue estando aberta também no futuro a investigação e a valorização dos historiadores em seu campo específico. E no caso concreto se compreende a solicitação de ter abertas todas as possibilidades de investigação sobre os documentos. Para a abertura completa dos arquivos –como já se disse outras vezes– é necessário o ordenação e a catalogação de uma grande quantidade de documentos, que exige um tempo técnico de vários anos", indica a nota.

Quanto ao fato de que os decretos sobre as virtudes heróicas dos Papas João Paulo II e Pio II foram promulgadas no dia 19 de dezembro, isto no significa um "acoplamento" das duas causas a partir de agora, já que são totalmente independentes e cada uma seguirá seu próprio caminho. “Por tanto, não há nenhum motivo para pensar em uma eventual beatificação contemporânea”, afirma.

não deve ser interpretada como um ato hostil contra o povo judeu