No mesmo dia que autorizou a publicação dos decretos que reconhecem as virtudes heróicas de João Paulo II e Pio XII, o Papa Bento XVI ressaltou que os Santos de todos os tempos, aqueles homens e mulheres que em sua relação pessoal com Deus chegaram a viver heroicamente a fé, esperança e caridade, "não são representantes do passado, mas constituem o presente e o futuro da Igreja e da sociedade".

Em seu discurso esta manhã aos membros da Congregação para as Causas dos Santos com ocasião de seu 40º aniversário, o Santo Padre explicou que "quando a Igreja venera um Santo, anuncia a eficácia do Evangelho e descobre com júbilo que a presença de Cristo no mundo, acreditada e adorada na fé, é capaz de transfigurar a vida do homem e produzir frutos de salvação para toda a humanidade. Além disso, cada beatificação e canonização é, para os cristãos, um forte alento a viver com intensidade e entusiasmo o seguimento de Cristo, caminhando rumo à plenitude da existência cristã e da perfeição da caridade".

"Os Santos –disse o Papa– sinal daquela radical novidade que o Filho de Deus, com sua encarnação, morte e ressurreição, foram postos na natureza humana como insignes testemunhos da fé, não são representantes do passado, mas constituem o presente e o futuro da Igreja e da sociedade".

Eles, prosseguiu, "realizaram em plenitude aquela caritas in veritate (caridade na verdade) que é o supremo valor da vida cristã, e são como as caras de um prisma, sobre as quais, com diversas formas, reflete-se a única luz que é Cristo".

Seguidamente Bento XVI explicou que a vida destas "extraordinárias figuras de fiéis" ressaltam por duas razões em particular: "antes de mais nada, sua relação com o Senhor, inclusive quando percorre caminhos tradicionais, não é jamais algo cansativo nem repetitivo, mas expressa sempre de modos autênticos, vivos e originais e surge de um diálogo com o Senhor que é intenso, que valoriza e enriquece também as formas exteriores".

Do mesmo modo, disse o Santo Padre, "na vida destes irmãos ressalta a contínua busca da perfeição evangélica, o rechaço da mediocridade e a tensão para a total pertença a Cristo. ‘Sé Santos, porque eu, vosso Deus e Senhor, sou santo’: é a exortação do livro do Levítico que Deus dirige a Moisés. Ela nos faz compreender como a santidade está em tender constantemente para a alta medida da vida cristã, conquista que requer esforço, busca contínua da comunhão com Deus, que faz que o fiel se esforce em ‘corresponder’ com a máxima generosidade possível ao intuito de amor que o Pai tem sobre ele e a humanidade inteira".

Ao referir-se logo à coerência que suporta o processo de beatificação e canonização de um membro da Igreja, Bento XVI explicou que "este progressivo manifestar-se da santidade nos fiéis corresponde ao estilo eleito Por Deus na revelação aos homens e, ao mesmo tempo, é parte do caminho com o que o Povo de Deus cresce na fé e no conhecimento da Verdade".

Finalmente e recordando a celebração do Natal, o Papa Bento XVI assinalou que esta festa "faz resplandecer em plena luz a dignidade de todo homem, chamado a converter-se em filho de Deus. Na experiência dos Santos esta dignidade se realiza no concreto das circunstâncias históricas, dos temperamentos pessoais, das eleições livres e responsáveis, e dos carismas sobrenaturais", depois do qual repartiu a Bênção Apostólica aos presentes.