A porta-voz da plataforma Direito a Viver, Gádor Joya, considerou que a divisão total da Câmara de Deputados ante o projeto de lei do aborto e a teimosia do PSOE ante a possibilidade de modificar a norma a favor da vida, terão um enorme custo político para o José Luis Rodríguez Zapatero.

Joya –que seguiu o debate desde a tribuna do público do Congresso– lamentou que "o arranque de um dos debates parlamentares mais transcendentais para nossa forma de vida se reduziu a um espetáculo de beijos e abraços à ministra do aborto (Bibiana Aído) pelos seus camaradas".

"A Câmara se partiu virtualmente pela metade (183 votos contra as emendas, 162 a favor), refletindo a divisão que provoca o projeto e jogando por terra a falácia de que se trata de uma iniciativa fruto do consenso. Justamente o contrário: é um projeto pensado para dividir", indicou.

Do mesmo modo, admitiu que "o resultado da votação entrava dentro do previsto" e considerou que "a mobilização cívica para freá-la não fez mais que começar" pois se conseguiu o fundamental, que a sociedade espanhola desperte e fique em marcha frente a uma lei injusta.

"A batalha da opinião pública já foi vencida com razões, com evidências e com perseverança. O trâmite parlamentar vai ser uma sangria eleitoral para o PSOE, porque a mobilização vai a mais. O custo político vai ser impossível de ser assumido pelo o senhor Zapatero", indicou.

Adicionou que "o Governo é absolutamente contrário ao debate de cidadãos e peritos sobre este assunto. A intervenção da ministra (Aído) mostra que ela não se moveu nenhum milímetro dos três ou quatro preconceitos e as três ou quatro ordens ideológicas com as que empreenderam este projeto. Eles não escutam, não lhes interessam os fatos da ciência e o critério dos juristas, não atendem nem sequer às próprias liminares que encarregam aos órgãos de relevância constitucional como o Conselho Fiscal, o Poder Judicial ou o Conselho de Estado".

Joya anunciou novas iniciativas para tentar frear o projeto. "vamos ser mais imaginativos e mais insistentes, se couber, na promoção do direito à vida e o direito a ser mãe. Cada vez serão mais os cidadãos que apreciem estes valores, estendam a simpatia pelo bebê não-nascido e se rebelem contra uma realidade violenta e cruel, que todo mundo, inclusive a ministra de Igualdade, coincide em qualificar como um drama", concluiu.