O Secretário Geral da Conferência Episcopal Espanhola (CEE) e Bispo Auxiliar de Madrid, Dom Juan Antonio Martínez Camino, recordou que o político católico que vote a favor da Lei de Saúde Sexual e Reprodutiva e Interrupção Voluntária do Embaraço (IVE), quer dizer do aborto, "terá que confessar-se e retificar publicamente se quer voltar a comungar".

"A situação objetiva de pecado resolve confessando-se e reparando publicamente o dano causado", esclareceu Martínez Camino durante a roda de imprensa final da 94° Assembléia Plenária da CEE.

Neste sentido, o Episcopado reiterou em uma nota a postura mantida por Dom Camino recentemente dizendo que "ninguém que atenda aos imperativos da reta razão pode aprovar nem dar seu voto a esse projeto de lei". "Em particular, os católicos devem recordar que se o fizerem, ficam a si mesmos publicamente em uma situação objetiva de pecado e, enquanto dure, não poderão ser admitidos à Sagrada Comunhão", acrescentou.

Do mesmo modo, defendeu que a postura dos católicos é a do "sim à vida dos seres humanos inocentes e indefesos, pelo sim a uma educação afetivo-sexual, pelo sim à mulher gestante, que tem que ser apoiada em seu direito à maternidade, e pelo sim a leis justas que favoreçam o bem comum e não confundam a injustiça com direito".

Na opinião de Dom Camino, a postura da Igreja "não supõe nenhuma novidade" e acrescentou que se trata de "recordar a doutrina e o modo de proceder em todo mundo". Por isso, disse que resulta "estranha" a surpresa ante suas palavras.

Além disso, criticou que a lei que propõe o Governo, se for aprovada, seria "ainda mais injusta" que a anterior e defendeu que a postura dos bispos foi sempre igual "com independência da junta política". Neste sentido, apelou a um livro em que se recolhem todos os documentos da CEE sobre este tema desde 1974 até 2006.

Nota de doutrina da fé

Por outra parte, o Episcopado difundiu entre os jornalistas uma nota com data de 2004 do então Prefeito da Congregação da Doutrina da Fé, Cardeal Ratzinger (hoje Bento XVI), onde se defende que um católico não pode comungar se apoiar o aborto e a eutanásia, mas sim pode fazê-lo quando se mostra partidário da pena de morte ou da guerra. Conforme detalha Ratzinger então, "não todos os assuntos morais têm o mesmo peso que o aborto e a eutanásia".

Neste sentido, Dom Martínez Camino disse que "todos os pecados são detestáveis", mas recalcou que "tirar a vida a um ser inocente é um pecado muito grave". "Uns são de maior gravidade e outros de menor", acrescentou.

Finalmente, a Plenária tem feito sua a "Declaração sobre o Anteprojeto de Lei do Aborto" publicada em mês passado de junho pela Comissão Permanente do Episcopado e recomendam aos católicos sua leitura.

Nela, os bispos espanhóis expõem suas conclusões sobre um texto que pontuam de "sério retrocesso no amparo da vida" e denunciam, entre outros aspectos, que o projeto "concebe de um modo perverso a liberdade" porque "outorga a qualificação de direito a algo que, em realidade, é um atentado".