Buenos Aires, 18 de nov de 2009 às 19:57
De visita na Argentina, o Cardeal Stanislaw Dziwisz, quem por 40 anos trabalhou junto ao Papa João Paulo II –antes Karol Wojtyla–, assinalou que no caminho para a beatificação do Pontífice, "tudo depende do Papa" Bento XVI.
Conforme informa a agência católica argentina AICA, o Cardeal Dziwisz afirmou que "os bispos poloneses não querem interferir (na causa). Não queremos apressar o Papa, ele deve analisar bem porque a ele também o une a figura de João Paulo II".
Em uma conferência de imprensa celebrada na pinacoteca da Nunciatura Apostólica, o amigo e secretário de João Paulo II assegurou que as pessoas "reconhecem sua herança" e o demonstram nas habituais procissões à sua tumba no Vaticano ou em sua visita a Cracóvia, para "conhecer como vivia, qual era sua cultura".
Consultado sobre a possibilidade de que João Paulo II tenha protagonizado milagres em vida, o Cardeal Dziwisz explicou que "disso não podíamos falar, tínhamo-lo proibido, mas já morto, há muitas coisas registradas, e documentadas".
O atual Arcebispo de Cracovia pôs o exemplo de um bispo que se curou de câncer e alguns comentavam o caso. João Paulo II lhes disse: "Não é obra do homem, é obra de Deus". Esclareceu que isto o fazia "em base a fatos e não para criar uma lenda".
Também relatou historias da vida cotidiana de João Paulo II, a quem definiu como "um homem simples, não era exigente, nem procurava nada para ele".
Segundo o Arcebispo, João Paulo II gostava de "escapar do Vaticano", sobre tudo para ter contato com a natureza. "Não era uma diversão, ele o necessitava. Ao princípio falava com seus ocasionais acompanhantes, mas depois ficava em silêncio, porque dizia que era o momento de seu encontro com o Criador", indicou.
Também revelou que "não usava o computador, mas escrevia com a caneta" e precisou que quando tinha que pensar coisas importantes o fazia na montanha. "Ao começo ia esquiar e surpreendia. Ninguém podia pensar que um Papa fizesse fila como outros e esperasse sua vez para esquiar. Alguns o olhavam com suspeita, outros não podiam acreditar".
"Um dia uma criança o reconheceu e lhe disse: ‘Santo Padre’. Depois será necessário cuidar-se mais", admitiu.
O Cardeal Dziwisz contou também uma historia com um trabalhador da zona montanhosa das Dolomitas, que ao reconhecê-lo o convidou à sua casa e "tomaram uma copa de vinho". "Você veja, minha mulher é muito piedosa. Minha esposa vai à Igreja a procurar o Papa e o Papa está em minha casa", recordou o que disse ao Papa, entre sorrisos, aquele paroquiano.