"José de Anchieta, o Apóstolo do Brasil" foi o título do simpósio realizado ontem, na Embaixada do Brasil junto ao Governo Italiano, na Piazza Navona. A iniciativa foi promovida pela Embaixada do Brasil junto à Santa Sé, em parceria com o Programa Brasileiro da Rádio Vaticano, que informou ontem em sua edição em português como desenvolveu-se o evento.

Os conferencistas abordaram diversos aspectos do Beato. Ao saudar os presentes, entre os quais os bispos do Regional Sul 1 (Estado de S. Paulo, em visita ad Limina), o embaixador do Brasil junto à Santa Sé, Luiz Felipe de Seixas Corrêa, falou do Beato como um verdadeiro "proto-brasileiro", por ser uma figura chave na formação do Brasil, "uma peça fundamental para a compreensão deste mosaico que se foi compondo ao longo dos séculos e que deu origem à cultura brasileira".

Por sua parte, o arcebispo de São Paulo, Card. Odilo Pedro Scherer, falou da fundação da cidade, que se deu em um contexto religioso, e a influência de Anchieta hoje naquela que se tornou a maior metrópole da América do Sul.

O responsável pelo Programa Brasileiro e ex-vice-postulador da causa de canonização de Anchieta, Pe. Cesar Augusto dos Santos, ofereceu aos presentes um histórico completo da vida do Beato, a partir de seu nascimento, em uma família cristã em Tenerife, Espanha, até a sua morte, aos 63 anos, em Reritiba, atual Anchieta, ES. O Pe. Cesar ilustrou todo o percurso de vida e santidade de Anchieta, relevando a fundação do pequeno Colégio São Paulo de Piratininga, em 25 de janeiro de 1554, onde participou da primeira missa e começou o trabalho de conversão, batismo e catequese dos índios destacando sua entrega aos nativos como médico, sacerdote e educador, mas também como apóstolo da cultura aprendendo dos índios o idioma Tupi e ensinando-lhes o português. O beato também é conhecido pela sua obra: "Arte da Gramática da Língua Mais Falada na Costa do Brasil".

A seguir, o postulador-geral da Companhia de Jesus, Pe. Anton Witwer, falou da diferença teológica entre beatificação e canonização. Na opinião do sacerdote jesuíta, o tempo que espera a beatificação da canonização é como o tempo do Advento, a ser vivido como momento de graça: "Sobre a causa de canonização de José de Anchieta, nos encontramos neste 'tempo de advento', e só me resta desejar à Igreja no Brasil o aprofundamento contínuo da sua confiança em Deus, pedindo a intercessão do Beato José de Anchieta".

Após a pausa, tomou a palavra a Professora Roseli Santaella Stella, especialista em história do período da União Ibérica, que falou do Anchieta poeta e escritor. Ao prefeito da Congregação para o Clero, Cardeal Cláudio Hummes, coube concluir o simpósio, sendo muito aplaudido pelo público presente na Sala Palestrina.Dom Cláudio convidou as dioceses a promoverem novenas e peregrinações das relíquias do Apóstolo do Brasil, despertando, desta forma, o interesse popular e a devoção ao beato.

O cardeal recordou a bravura de Anchieta como missionário, que adentrava as florestas em intermináveis peregrinações pelas terras brasileiras, apesar de seus problemas de saúde. No encerramento, o Primaz do Brasil e arcebispo de Salvador, Cardeal Geraldo Magella Agnelo, apresentou uma relíquia do beato, concedendo a sua bênção.