Ante a iminente aprovação de uma reforma de saúde que permitiria o financiamento de abortos com recursos federais e deixaria a milhares de imigrantes desprotegidos, o Arcebispo de Denver (Estados Unidos), Dom Charles Joseph Chaput, OFM Cap., publicou um enérgico chamado aos católicos do país –tanto anglos como latinos– para reclamar que o Presidente Barack Obama cumpra com suas promessas em matéria de direito à vida.

Em um artigo titulado "Uma promessa foi feita; agora é necessário cumpri-la", Dom Chaput recordou que há oito semanas atrás o Presidente Obama prometeu durante uma sessão conjunta do Congresso que ‘seu’ plano de reforma de saúde não incluiria nem proporcionaria recursos públicos para o aborto".

"Excluir o financiamento ao aborto da reforma de saúde apresentada pelo Presidente –e quero dizer excluí-lo verdadeiramente e não disfarçá-lo furtivamente sob a cobertura de algum jogo enganoso– deveria ser uma concessão fácil para o Congresso e a Casa Branca", escreve o Prelado norte-americano.

"É um preço modesto que eles poderiam pagar por obter o apoio dos católicos e de outras organizações pró-vida, ou pelo menos por sua neutralidade. Também poderia dar credibilidade a Washington, quer dizer, deixariam de ser palavras vazias quando se fala sobre o criar um 'terreno comum'".

O Arcebispo Chaput lamenta, entretanto, que "oito semanas depois, já não existe um plano ‘presidencial’. Em seu lugar, desde o 1º de novembro, o Congresso elaborou cinco propostas diferentes, incluindo uma versão conciliada pelos deputados, com um total de quase 2,000 páginas de uma complexa e ampla legislação".

"Todas as propostas têm algo em comum: nenhuma delas cumpre com a promessa presidencial", observa o Prelado.

Dom Chaput recorda que os Bispos Católicos dos Estados Unidos "insistiram por décadas por uma reforma nacional de saúde nacional, muito antes que os meios de comunicação o descobrissem como um tema importante. A Igreja considera que ter acesso a serviços básicos de saúde é um direito, não um privilégio. Mas para que isto seja legítimo, os esforços por uma reforma de saúde devem respeitar a dignidade da totalidade da pessoa humana desde a concepção até a morte natural".

Segundo o Arcebispo, isto inclui o ser que ainda não nasceu, o imigrante e o ancião". O Prelado revela ademais que desde agosto, os Bispos dos Estados Unidos e seus assessores trabalharam incansavelmente com membros do Congresso e pessoal da Casa Branca tratando de elaborar uma legislação de reforma de saúde que seja de mútua aceitação".

"Entretanto", lamenta, "todo o esforço dos membros do Congresso preocupados por assegurar uma legislação moralmente aceitável –apesar da extraordinária liderança do Deputado Democrata Bart Stupak– foi rechaçado, freqüentemente com uma terminologia política enganosa que parece deliberadamente criada para confundir".

Dom Charles Chaput assinala que a intransigência anti-vida do Congresso e da Casa Branca finalmente detonou a paciência da Igreja nos Estados Unidos. Por isso, em 28 de outubro, o Cardeal de Chicago, Francis George e outros líderes da Conferência de Bispos Católicos dos Estados Unidos (U.S.C.C.B. por suas siglas em inglês) anunciaram que "todos os esforços para emendar adequadamente as atuais propostas de reforma de saúde fracassaram". "Em outras palavras, nenhuma das atuais propostas legislativas oferece um ‘acordo comum’ legítimo nos temas que são vitais para os católicos", explica Dom Chaput.

"Devemos falar claramente: Todas as soluções para uma reforma de saúde atualmente apresentadas ao Congresso violam potencialmente, em uma forma grave, a dignidade humana. A menos que estas propostas sejam imediatamente emendadas para que reflitam as preocupações do congressista Stupak, de outros membros do Congresso que pensam como ele, e os líderes da comunidade católica nacional, os católicos devem opor-se vigorosamente e ajudar para que esta perigosa legislação não seja uma realidade", acrescenta o Arcebispo.

Dom Charles Chaput assinala finalmente que "o debate sobre a reforma de saúde no Congresso se viu alienado por um amontoado de afirmações confusas, complexas e em ocasiões francamente desonestas contidas nas 2,000 páginas de legislação que atualmente estão tomando sua forma final e já se aproxima do seu voto".

"Não nos deixemos enganar. Entrem em contato com seus senadores e representantes. Exijam que as atuais propostas de saúde sejam mudadas para respeitar as preocupações católicas e pró-vida. Mas precisamos fazê-lo agora mesmo, isto é de vital importância", conclui.