O Arcebispo de La Plata, Dom Héctor Aguer, advertiu as diferenças que existem entre as cifras dadas pelo Governo sobre a porcentagem de pobres e as que dão outras entidades, e indicou que deveriam estar de acordo nos parâmetros de medição e apoiarem-se não só no acesso à cesta básica, mas também em outros fatores como a educação e o respeito à vida.

No programa televisivo Chaves para um Mundo Melhor, o Prelado se referiu à discussão periódica sobre o índice de pobreza, pois enquanto a contagem oficial assinala 13 por cento, "outras investigações privadas, dignas de confiança, registram cifras muito mais altas, que chegam a 35 por cento".

"Na medição da pobreza devemos incluir outros capítulos; não só o penoso ato de que tantas famílias argentinas careçam do suficiente para uma vida digna, que tantos pais não possam levar a comida à mesa", mas também fatores relacionados com a dignidade da pessoa e seus direitos fundamentais, indicou.  

Dom Aguer afirmou que a pobreza material e a falta de educação estão vinculadas e que já "Santo Tomás de Aquino dizia que é necessário certo nível de bens materiais para poder praticar a virtude; vale dizer, para alcançar o desenvolvimento da personalidade que corresponde à dignidade humana".

Na categoria de pobreza, acrescentou, "deveriam entrar também esta espécie de decadência da cultura popular que se torna irremediável se não se usam os remédios" e se permite às famílias viverem dignamente, "para que as ajudas que recebam estejam orientadas a elevá-los em um sentido integral".

Do mesmo modo, Dom Aguer recordou que em sua encíclica Caritas in Veritate, o Papa Bento XVI advertiu que "um dos aspectos mais destacados do desenvolvimento atual é a importância do tema do respeito à vida, que em modo algum pode separar-se das questões relacionadas com o desenvolvimento dos povos". Portanto, afirmou o Prelado argentino, a medição da pobreza poderia também ampliar-se a este campo.

"O Papa recorda como ocorreu e ocorre, em muitos lugares, que as ajudas destinadas ao desenvolvimento estão ligadas necessariamente à adoção de planos de diminuição da natalidade, e como se tenta legitimar os atentados contra a vida, do aborto à eutanásia", assinalou.

Finalmente, o Arcebispo de La Plata reafirmou que a pobreza extrema sempre será um escândalo e que para combatê-la seriamente "falta assumir um conceito amplo de pobreza e este deve sustentar-se na idéia correta do homem".

"Que idéia nos fazemos do homem, de sua dignidade, de seus direitos, de seu futuro? O que lhe corresponde por justiça? Que dívida temos com ele? Ao ocultar ou dissimular a situação social estamos demorando e impedindo a possível solução", assinalou.