O Arcebispo de Caracas, Cardeal Jorge Urosa Savino, assinalou que o Governo da Venezuela estava decidido há bastante tempo a excluir o ensino religioso das escolas, e por isso exortou os fiéis a não caírem na tentação do secularismo ou ceder ante o avanço do laicismo, e ser em realidade criativos para continuar brindando a educação católica aos jovens venezuelanos.

"Eis aqui então a imensa provocação que temos, ante o avanço do laicismo e do secularismo (…). Uma vez que se conheçam as leis e regulamentos que excluirão a Educação religiosa –que nunca foi compulsiva nem obrigatória- do currículo e do horário escolar, teremos que inventar, teremos que ser criativos, para cumprir com nossa sublime missão", expressou o Cardeal durante o seminário da Associação Venezuelana de Escolas Católicas (Avec).

O Arcebispo indicou que embora a nova Lei Orgânica de Educação (LOE), em seu artigo sete não exclui a educação religiosa do currículo e do horário escolar, trata-se de uma lei “moldura” que deverá ser regulamentada e é neste nível onde tratarão de tirar o curso de religião das salas de aula.

O Cardeal Urosa afirmou que esse é o propósito de tal artigo, "esse é o sentido que dão seus mais autorizados intérpretes, e o que já aplicaram em algumas zonas do país". Indicou que não houve forma de que o Governo entendesse a finalidade da educação religiosa e do direito que assiste aos venezuelanos a recebê-la, pois "sua determinação (a tirá-la das salas de aula) estava tomada há muito tempo atrás".

O Cardeal recordou a missão da Igreja de evangelizar também nos colégios, por isso chamou a "defender a identidade da escola católica, insistindo em nosso direito de educar os alunos na fé".

"Se houver uma tentação em que não podemos cair é a tentação do secularismo, de dissolver o anúncio de nossa fé, de renunciar a cumprir a gloriosa missão de ser mensageiros do Reino de Deus, de nos resignarmos a não fazer nada a respeito", afirmou.

O Cardeal Urosa recordou as palavras de Cristo "não tenham medo" e chamou os católicos a confiarem no Senhor. "Contamos com as estruturas, o pessoal, a experiência. E, sobre tudo, contamos com a graça de Deus", afirmou.

Como se recorda, a LOE foi passada pela Assembléia Nacional, dominada pelo Governo, sem ter consultado com a oposição nem com outros setores da sociedade venezuelana.

Vários críticos desta nova lei, cujo conteúdo foi rechaçado no referendo de dezembro de 2007, afirmam que um de seus propósitos é tirar a formação religiosa das salas de aula e ideologizar os jovens no socialismo.

Uma amostra foi dada aos poucos dias depois que o Presidente Hugo Chávez promulgasse a LOE, ao tomar juramento a mais de cem mil patrulhas integradas por membros do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), cujo objetivo é vigiar que se cumpra esta lei em todas as escolas do país.