O Secretário Geral da Conferência Episcopal da Colômbia, Dom Juan Vicente Córdoba, reconheceu esta terça-feira que há “dificuldade” para conseguir a liberação dos 24 militares seqüestrados pelas FARC devido às “condições" impostas para isso tanto pela guerrilha como pelo Governo do Presidente Álvaro Uribe.

"Neste momento se apresenta uma dificuldade", admitiu em uma entrevista à emissora local Caracol Radio. "Vamos ver como as partes cedem de lado e lado para fazer um diálogo", explicou.

"O Governo desde o primeiro momento pôs uma condição em que sim aceitava a liberação de duas pessoas com a condição de que as FARC se comprometam a entregar aos 24 seqüestrados" militares que, em total, permanecem em poder da guerrilha, explicou Córdoba, em alusão ao cabo Pablo Emilio Moncayo e ao soldado José Daniel Calvo Núñez, cuja liberação anunciaram as FARC no dia 16 de abril.

Entretanto, "as FARC responderam que pedem que se lhes devolvam uns detentos que estão nos cárceres", sem precisar o número de detentos que a guerrilha exige "trocar" em favor de liberar o resto de uniformizados. Uribe rechaçou render-se às FARC e liberar detentos da guerrilha.

"Isto dificulta o processo de liberação pelas condições de lado e lado, vamos ver como as partes cedem de lado e lado para fazer um diálogo", explicou o Prelado.

As FARC anunciaram no último 16 de abril a liberação de Moncayo e Calvo Núñez mediante uma missão humanitária em que exigem que esteja presente a senadora Piedad Córdoba e o pai do militar, Gustavo Moncayo e, por sua parte, o Presidente Uribe finalmente aceitou esta condição das FARC, mas pediu que se envolvesse também ao Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICR).

Por sua parte, a senadora Córdoba anunciou esta quinta-feira que, nos próximos 30 dias, as FARC poriam em liberdade a Moncayo e Calvo Núñez e, do mesmo modo, entregariam os restos do maior Julián Ernesto Guevara.

Dias depois deste anúncio, as FARC reclamaram ao Governo do Uribe em um comunicado que este deixasse claros "as garantias oficiais e protocolos para esta nova liberação", sem fazer referência à nenhuma exigência da guerrilha para que Bogotá liberasse detentos das FARC em troca.

Dom Juan Vicente Córdoba adiantou esta segunda-feira que a Igreja já tem garantida como mediadora a liberação de Moncayo e Calvo Núñez, assim como a entrega dos restos do maior Guevara algo que "poderia ocorrer antes de um mês".

Não obstante, precisou que Governo e as FARC devem chegar ainda a um acordo para impulsionar um processo de intercâmbio humanitário que permita a liberação gradual "em cinco etapas daqui até fevereiro" dos demais 22 uniformizados em poder da guerrilha.

"Vendo até onde se pode ceder de lado e lado, a Igreja segue tentado o diálogo e o acordo, para obter entregas graduais em cinco etapas daqui até fevereiro", precisou o Prelado à Radio Caracol.

Dom Córdoba explicou que já se estabeleceu que o Governo e a Cruz Vermelha Internacional assumirão a logística nos sucessivos processos de liberação de seqüestrados, enquanto a senadora Piedade Córdoba exercerá de interlocutora com as FARC e a encarregada de receber as coordenadas para proceder a sua liberação.