O Núncio Apostólico na República Tcheca, Dom Diego Causero, destacou a importância da visita que o Papa Bento XVI iniciará nas próximas horas a este país e explicou que o Santo Padre tratará de "despertar a alma" desta chamada "terra de ateus" que pretende esquecer suas profundas raízes cristãs.

"Sabe-se que a República Tcheca é um dos países com a taxa mais alta de agnosticismo na Europa. O periódico Malote Fronta Dnes, em sua edição de 23 de setembro, com um grande titular dava a bem-vinda ao Papa à terra dos ateus’. O público tende a considerar à indiferença religiosa como um título de orgulho e modernidade.", explicou o Núncio em um artigo publicado no L’Osservatore Romano.

Para o Arcebispo, o Papa chega como "uma viagem missionária de Jesus Cristo para cumprir com uma Igreja pequena, mas fiel, a qual é necessário confirmar com sabedoria e paternidade".

Segundo Dom Causero, "a radical e arrogante secularização da maior parte da população tcheca tem longa data e não só é uma conseqüência do período da ditadura comunista. Cultivou-se desde o começo do século XIX, da influência ilustrada e anticlerical na cultura e o nacionalismo na política".

"Durante dois séculos, a cultura reforçou os preconceitos existentes contra a Igreja. A idéia geral da cultura e a educação popular é que a República Tcheca foi criada para combater a submissão ao jugo do império dos Habsburgo e da Igreja Católica romana que junto ao papado são, na opinião popular, duas manifestações de uma só a opressão. O regime comunista atuou na mesma linha, fazendo insistência na hostilidade para qualquer manifestação da religião, mas oprimindo especialmente a Igreja Católica", adicionou.

O Núncio assegurou que o Papa chega para cortar essa casca de indiferença e hostilidade, para dar coragem, esperança e alegria à Igreja que começa a viver do germe de vitalidade espiritual que está aparecendo graças aos movimentos e pequenos grupos.

"Bento XVI vem no nome do Senhor a dizer a esta Igreja, fiel e ferida, que o Evangelho tem o poder de despertar e confirmar nossa fé, de transformar nossa vida pessoal e social. Cristo não tira nada do homem, mas sim enriquece e dá plenitude à sua vida. A ausência de Deus é também a ausência da humanidade. O país necessita líderes apaixonados que dêem testemunho", adicionou e encomendou a viagem ao Menino Jesus de Praga, de grande devoção na Europa e o mundo.