Lima, 6 de set de 2009 às 03:32

O Arcebispo de Piura, Dom José Antonio Eguren Anselmi, ressaltou que a "missão da Igreja é a evangelização reconciliadora" e explicou que esta tarefa é iniludível para cada um de seus membros, para proclamar, como São Paulo "Ai de mim se não evangelizar!"

Em sua conferência titulada "Igreja, Evangelização e Reconciliação" pronunciada no marco do Congresso "Caridade, Reconciliação e Dignidade Humana" que se realizou na capital peruana, o Prelado explicou como a própria definição de Igreja já suporta em si mesmo a noção de reconciliação e como esta deve ser anunciada a todos os homens, dentro e fora dela.

Depois de assinalar que a Igreja constitui um sacramento, pois é "signo da unidade com Deus", o Arcebispo disse que desde o batismo, ela converte-se para o fiel no âmbito natural que tem seu fundamento e origem em Deus, por isso é Santa; frente aos pecados dos homens.

"Deve-se amar profundamente à Igreja porque ela é nossa Mãe e como filhos dela devemos fazê-la amar. Ela é um mistério, uma realidade que nos remete à vida sobrenatural do Senhor Jesus. Embora os nossos pecados distorçam seu rosto, ela resplandece, pois nela habita a santidade de Jesus Cristo".

O Arcebispo assinalou que a "evangelização é a tarefa por excelência que realiza a Igreja no mundo" por cima das demais. "Evangelizar é anunciar a Boa Nova, quer dizer proclamar o anúncio do Jesus" que quer a salvação de todos os seres humanos.

O Prelado se referiu a alguns aspectos essenciais que atualmente reclamam um esforço especial de evangelização como a defesa da dignidade humana: "a defesa do direito à vida ameaçado pelo aborto e a eugenia, ou a eutanásia" no caso dos anciãos; a necessidade que tem o mundo do amor verdadeiro, a evangelização da cultura, a correta valorização da razão humana e sua reta relação com a fé, e a tremenda necessidade que o mundo tem de esperança.

Dom Eguren advertiu também que existem atualmente alguns que afirmam que evangelizar "atenta contra a liberdade do homem". Ante esta situação, disse, é necessário recordar que "todos têm o direito de escutar a Boa Nova e a isso corresponde o dever de evangelizar. Esta é a tarefa mais importante de todas as obras de caridade".

Ao referir-se ao tema da reconciliação, o Arcebispo disse que este é um tema central para a Igreja, por isso é necessária uma correta teologia a respeito porque esta reconciliação, precisou, "vai além das pseudo ideologias que a expõem somente em sentido horizontal e que geram mais conflitos e desgraças para os homens contemporâneos".

Finalmente, o Arcebispo de Piura disse que a reconciliação deve viver-se em todos os âmbitos e tem como modelo a Maria, Mãe da Reconciliação e do Reconciliador, que é também reconciliadora e evangelizadora.

"Ela é a pedagoga do Evangelho na América Latina" e na invocação como Virgem do Guadalupe é a que cuida de seus filhos e obtém essa primeira reconciliação entre a Espanha e América, "obtendo essa mestiçagem" que sustenta a fé deste continente, concluiu.

Reconciliação na vida social

Previamente, o Bispo Prelado de Ayaviri, Dom Kay Schmalhausen Panizo, tratou o tema da reconciliação na vida social e explicou que a origem das distintas crises que confrontam os povos está, fundamentalmente, no pecado pessoal que dá origem a estruturas injustas que oprimem o homem ante as quais as ideologias só conseguem gerar mais crise.

Em sua exposição o Prelado ressaltou que ante esta situação, faz-se urgente a santidade de cada um dos batizados, pois os Santos são "os grandes reconciliadores dos pobres. A unidade dos homens não pode dar-se sem a mudança interna de cada um".

Para avançar neste caminho, disse, é necessário também acudir freqüentemente ao sacramento da reconciliação "que restaura a comunhão com Deus e que do mesmo ponto de vista humano ajuda a pessoa a liberar-se e a reconciliar-se com outros".

A Igreja, sublinhou, "dá ao mundo a reconciliação que realiza ad intra e ad extra do corpo eclesiástico. Para esta tarefa é necessário que seja primeiro Igreja reconciliada, para refletir assim o genuíno rosto que dela espera seu Senhor".