Um estudo coordenado pelo diretor do Arquivo Histórico da Arquidiocese do México, Pe. Gustavo Watson Marrón, certificou que os heróis da independência, sacerdotes Miguel Hidalgo e Costela e José María Morelos y Pavón, confessaram-se antes de morrer e portanto permaneceram no seio da Igreja.  

"Por isso, não há razão para levantar uma excomunhão. Não estavam excomungados", explicou em conferência de imprensa. O juízo se deu logo que a Comissão para os Festejos do Bicentenário da Independência e a Revolução Mexicanas da Câmara de Legisladores pedisse ao Arcebispo do México, Cardeal Norberto Rivera Carrera, que intercedesse ante a Santa Sé para que "levantasse" as excomunhões a ambos sacerdotes.

Segundo o Sistema Informativo da Arquidiocese do México (SIAME), o P. Watson certificou que Hidalgo e Morelos foram sepultados em cemitério – algo que não ocorria com quem morresse estando excomungado –, e inclusive posteriormente seus restos foram depositados na Catedral do México.

Os processos de excomunhão contra ambos foram processados pelo então Bispo eleito de Michoacán, Manuel Abad y Queipo, mas não pelo levantamento independentista, nem por suas idéias políticas ou sociais, mas "por ter atentado contra civis e contra religiosos e seus bens durante as campanhas militares". Entretanto, o Pe. Watson assinalou que os processos de excomunhão tiveram tinturas "irregulares" pela jurisdição canônica do então bispo.

Indicou-se que teólogos e juristas deverão definir se o então bispo eleito do Michoacán tinha foro para excomungar ao Pe. Hidalgo, já que embora tivesse sido nomeado pela Coroa espanhola – de acordo ao Régio Patronato –, não tinha sido ratificado por Roma.

Além disso, ao haver-se arrependido e confessado o Pe. Hidalgo, não haveria razão para manter a excomunhão sob a óptica do atual direito canônico. Entretanto, nesse então a Igreja no México se regia pelo Concílio de Trento e o Terceiro Concílio Provincial Mexicano do século XVI. Estes documentos teriam que ser revisados pelos juristas para determinar os critérios canônicos da época.

Finalmente, embora a história ofereça argumentos a favor de que a excomunhão foi declarada nula, o Arcebispado do México procurará evidências, como o fato de que depois de seu fuzilamento, Hidalgo foi enterrado em cemitério, algo que teria sido impossível tratando-se de um excomungado.