Os deputados do Uruguai aprovaram ontem uma lei que permitiria a adoção de crianças por parte de casais homossexuais; a pesar da clara oposição da Igreja Católica, emitida recentemente pelo Arcebispo de Montevidéu, Dom Nicolás Cotugno; e distintos setores da população.

A aprovação do projeto, que sofreu algumas modificações em relação ao aprovado pelo Senado no último 15 de julho, contou com o apoio de 40 votos dos 53 deputados presentes na Câmara Baixa. Agora deve voltar para o Senado para sua discussão.

Ante esta medida que se dá quase dois anos depois da aprovação, em novembro de 2007, das uniões homossexuais, o porta-voz da Coordenadora Nacional pela Vida, Néstor Martínez, indicou que esta norma anti-família é "um retrocesso e um atentado aos direitos da criança" com a qual se "está construindo a base de um futuro negativo para a sociedade uruguaia".

Em meados deste mês, Dom Nicolás Cotugno, Arcebispo do Montevidéu e Presidente da Comissão para a Família da Conferência Episcopal do Uruguai (CEU), advertiu em um enérgico comunicado que esta medida decidida pela maioria dos deputados do Frente Amplo, uma coalizão de esquerda, pode ter graves conseqüências para a sociedade, e especialmente para os menores.

No texto o Prelado assinalava que "o tema da adoção de crianças por parte de uniões homossexuais não é um tema de religião, de filosofia ou de sociologia. É algo que refere essencialmente ao respeito da mesma natureza humana", e ressaltava além que "aceitar a adoção de crianças por casais homossexuais é ir contra a mesma natureza humana, e conseguintemente é ir contra os direitos fundamentais do ser humano como pessoa".

Depois de expressar seu "máximo respeito" pelos homossexuais, o Arcebispo remarcava que "aqueles que livremente optaram por uma vida de relação homossexual assumiram ter um estilo de vida alheio à procriação e ao poder ser pais. Quem despreza a causa não pode pretender o efeito natural da mesma".

"Não obstante, aceitar a adoção de crianças por casais homossexuais, outorgaria aos que decidiram devido ao seu estilo de vida não ser pais, o direito de sê-lo, priorizando assim seus interesses aos das crianças. E isto não é plausível desde nenhum ponto de vista", acrescentava.