A Organização Médica Colegial e distintas organizações pró-vida da Espanha rechaçaram enérgica e unanimemente as declarações do Ministro da Justiça, Francisco Caamaño, quem disse ontem que ante o aborto "não cabe a objeção de consciência". A esta afirmação responderam que esta opção é um direito e ante o assassinato de uma criança no ventre de sua mãe, a objeção deve sempre que respeitar-se.

O Presidente da Organização Médica Colegial (OMC), Dr. Juan José Rodríguez Sendín, assinalou que "o direito que têm os médicos na Espanha à objeção de consciência vai ser respeitado, querendo ou não, e é melhor fazê-lo pelas boas vias que pelas más".

Também indicou que "a objeção de consciência é um critério universal da profissão médica, que igual ao critério de não matar, não abortar, não intervir em torturas, nem delatar aos pacientes, formam parte da medicina há mais de 40 séculos. Questionar neste momento algo que forma parte da liberdade ideológica dos médicos em lugar de facilitar as coisas não é o bom caminho".

"A qualquer cidadão normal não deve ser um fato estranho que os médicos não queiram abortar, seria estranho provavelmente o contrário", acrescentou.

"Porque não é um problema ideológico, simplesmente é uma questão de liberdade. Por este motivo, vamos defender a objeção de consciência dos médicos", disse Rodríguez.

Por sua parte a Associação para a Defesa da Objeção de Consciência (ANDOC) assinalou em uma nota de imprensa que as declarações do Ministro da Justiça são "sectárias, imprudentes e reveladoras de um desprezo manifesto à jurisprudência constitucional que considera a objeção de consciência ao aborto como um direito dos médicos e demais profissionais da Sanidade".

"Para a imensa maioria dos médicos, o rechaço ao aborto não se apóia em princípios morais, a não ser na convicção de que supõe acabar com uma vida humana", advertem.

Do mesmo modo, ANDOC lhe recorda ao ministro que "a objeção de consciência é a única saída que resta a um cidadão quando a obrigação imposta por uma lei gera um rechaço ou conflito moral grave". "Estamos seguros de que o Sr. Ministro não gostaria de 'provar do seu próprio remédio se ele se encontrasse em circunstâncias distintas às atuais", adicionam.

Seguidamente expressam que afirmar que defesa da liberdade de consciência é uma chamada à desobediência civil, como disse o ministro, "só cabe em quem sustenta que o único critério de justiça e liberdade em uma sociedade democrática radica exclusivamente nos ditados de suas convicções ideológicas pessoais".

"Deploramos 'a cruzada' que empreendeu nas últimas semanas contra a liberdade de consciência. Convidamos-lhe a que esclareça ante a opinião pública se seu respeito à liberdade de consciência dos espanhóis é sincero ou está submetido a interesses políticos", concluem.

Por outro lado, a porta-voz de Direito a Viver, Gádor Jóia, advertiu a Caamaño que "nenhum ministro e nenhum Governo pode obrigar um médico a acabar com uma vida humana e a danificar a saúde de seus pacientes. Não importa como se sinta o senhor Caamaño, os médicos protegem a vida e cuidamos de nossos pacientes. A imensa maioria não praticamos abortos nem o faremos".

Jóia disse também que o Governo "terá em frente à imensa maioria dos médicos, se pretende dissolver a essência do direito constitucional a não praticar abortos por razões de consciência".