O perito em psiquiatria e sexualidade, René Floresça Agrida, advertiu que o aviso publicitário do Ministério de Saúde que afirma que as pessoas homossexuais, transexuais e prostitutas só se diferenciam de outros por ser "diversas", "transmite uma idéia equívoca quando não ambígua no campo da educação sexual e a prevenção das enfermidades de transmissão sexual".

Flores Agrida se referiu ao aviso que o Ministério de Saúde publicou no jornal A República o passado 4 de agosto no marco da campanha "O Peru Avança", com o cabeçalho de "Peru. Um País Diverso". A entidade, assinalou, "informa à população que pessoas trans (que padecem transtornos da identidade sexual), outras com desordens da orientação sexual (neste caso um casal de homossexuais) e prostitutas (severa patologia social), seriam pessoas que só se diferenciam do resto da população por ser 'diferentes'".

Ante isso, o médico psiquiatra enviou uma carta ao Ministro da Saúde, Oscar Ugarte, advertindo que "dito aviso parece transmitir uma mensagem que pode dar lugar a interpretações equivocadas respeito às condições claramente patológicas, nos âmbitos individuais e sociais, sobre alguns conceitos sem consenso científico e condutas de grande impacto na saúde pública”.

No texto, recordou que o transexualismo está incluído "na ‘Classificação estatística internacional de enfermidades e problemas’ CIE-10, da Organização Mundial da Saúde, e no ‘Manual diagnóstico e estatístico dos transtornos mentais’, DSM-IV TR, da Associação Psiquiátrica Americana".

"Além de que o transgênero, com exceção do transexualismo e o travestismo, é um fenômeno muito recente e pouco estudado, não sendo próprio apresentar a jovem (do pôster) sob o termo de uma ‘pessoa como as demais’", acrescentou.

Com respeito à homossexualidade, Flores Agrida recordou que esta "apóia uma comprovada grave desordem médica e psiquiátrica, atualmente o VIH/SIDA, e traz aparelhado um intenso debate social respeito ao matrimônio e a adoção de meninos por pessoas homossexuais, tema sobre os quais o Peru parece não estar de acordo".

O perito reconheceu a boa intenção do aviso com em relação à não discriminação. Entretanto, advertiu que o término "diversidade" não é em si mesmo nem bom nem mau, pois depende do tema concreto de que se trate.

"Como sabemos há diversidades de um ou outro sinal, más ou boas, nos campos da biologia, psicologia, economia, conduta e cultura, que vão das cifras de colesterol, mau e bom, passando pelas personalidades, generosas ou psicopáticas, até o costume cultural de mutilação das genitálias de mulheres púberes em países islâmicos", explicou.

Nesse sentido, advertiu que "é assim pode confundir o apresentar este problema, como o faz o aviso, simplesmente sob o item de ‘nossa orientação sexual pode ser diferente’".

"O mesmo poderia dizer-se da prostituição, que degrada à mulher, a submete a organizações criminais, expondo-a a múltiplos danos e enfermidades, complexidade individual e social que o aviso do Ministério, ‘Peru. Um País Diverso’, resume-o com a frase ‘meu trabalho pode ser incompreendido’", afirmou.