A organização internacional católica Ajuda à Igreja Necessitada (AIN) exigiu ao governo do Paquistão a abolição da chamada "Lei contra Blasfêmias" que, explicam, "está definitivamente ligada" aos recentes ataques sofridos por cristãos que deixaram o saldo de oito pessoas queimadas vivas por parte de extremistas muçulmanos em Gora, província de Punjab.

Os assassinatos ocorreram depois do rumor propalado de que alguns cristãos tinham tirado folhas do Corão e as teriam utilizado como "confete"; rumor que foi desmentido pela Ministra de Justiça da província de Punjab, Rana Sanaullah, quem explicou que isso definitivamente não havia ocorrido.

Em uma declaração da AIN, distintas figuras católicas advertem que esta norma não só promove a perseguição dos cristãos, mas também põe em perigo outras minorias assim como a todos os paquistaneses; e chamam a "as pessoas de boa vontade a trabalhar na abolição desta lei".

O texto, assinado por Marie-Ange Siebrecht, Chefe de Projetos da AIN para a Ásia-África; e pelo Diretor Nacional do AIN em Grã-Bretanha, Neville Kyrke-Smith, precisa que o abuso que se faz desta "lei contra blasfêmia" contribui ao desrespeito dos direitos humanos.

Assim, explicam, segundo o artigo 295-B da citada norma, tirar folhas do Corão (o livro sagrado muçulmano) traz consigo uma sentença de cadeia perpétua; enquanto que falar contra Maomé (artigo 295-C) é castigado com a morte. "Enquanto estas leis existam, Paquistão estará apanhado em um inacabável círculo vicioso de violência, miséria e rompimento da comunidade", precisa AIN.

"O mau uso destas leis significou que se converteram em um instrumento de opressão, uma vara para golpear os vulneráveis", acrescenta o texto.

Finalmente, AIN assinala que "nestes momentos de tragédia e perda –especialmente para os cristãos no Paquistão– Ajuda à Igreja Necessitada pede a todos rezar pelo fim dos atos de violência e intimidação. Que aqueles que estão de luto por ter perdido seres queridos ou estejam temerosos por seu futuro, sejam consolados Por Deus".

Enquanto isso, esta organização fez chegar três mil euros para emergência ao Bispo do Faisalabad, Dom Joseph Coutts, a diocese aonde ocorreram os assassinatos.