O Arcebispo de Westminster e Primado da Inglaterra e Gales, Dom Vincent Nichols, advertiu sobre os efeitos "deshumanizantes" da comunicação moderna como os correios eletrônicos, as mensagens de texto e as páginas Web de redes sociais; que por si mesmos não podem construir uma "comunidade moldada".

Em uma entrevista concedida ao jornal inglês Sunday Telegraph, o Prelado explicou que um uso "excessivo" ou "quase exclusivo" de mensagens de texto ou e-mails faz que a sociedade vá perdendo algo de sua capacidade para construir a comunicação interpessoal, necessária para viver juntos e construir uma comunidade.

"Estamos perdendo capacidades, habilidades de interação humana, como ler o ânimo de uma pessoa, ver sua linguagem corporal, como ser pacientes até o momento de precisar algo ou exercer pressão", indica o Arcebispo. "Muita informação eletrônica desumaniza o que é uma parte muito importante da vida comunitária e da vida em comum", acrescenta.

"Facebook e MySpace poderiam contribuir às comunidades, mas tenho minhas reservas a respeito. Não é uma comunicação adequada, então não configurará uma comunidade adequada", explicou Dom Nichols ao Sunday Telegraph; e adicionou que as pessoas necessitam mais que as rede sociais apenas para crescer em comunidade.

Do mesmo modo, explicou, "o trauma das relações transitivas" é um fator chave no suicídio de alguns jovens. As declarações do Prelado inglês aparecem dias depois da morte da jovem estudante de secundária, Megan Gillan, quem se suicidou logo que alguns de seus companheiros se burlaram dela em Internet por sua aparência e maneira de vestir.

O Arcebispo assinalou que os jovens "costumam lançar-se nestas amizades ou redes, logo colapsam (as redes) e se sentem desolados. É uma síndrome de tudo ou nada na qual, na tentativa por gerar uma identidade, deve-se ter uma coleção de amigos sobre os quais poderem falar e inclusive incomodar. Mas a amizade não é uma mercadoria, é algo para o qual se deve trabalhar duro e esforçar-se por fazer o bem".

Dom Nichols também advertiu sobre a perda da fidelidade e o aumento do individualismo em sociedades como a britânica; e alertou que este tipo de atitudes gera o apoio às decisões anti-vidas como o suicídio assistido, cuja prática "debilita seriamente a construção da responsabilidade mútua dentro da sociedade".