O presidente do Movimento Cristão Liberação (MCL), Oswaldo Payá Sardiñas, assinalou que mais que a realização ou não do VI Congresso do Partido Comunista, o que as autoridades devem fazer é permitir que sejam os próprios cubanos quem decidam seu destino com liberdade e sem ser perseguidos.

Em uma mensagem, Payá se referiu ao recente anúncio de Raúl Castro de pospor o VI Congresso do Partido Comunista. Estes congressos, indicou o líder do MCL, nunca trouxeram nada de bom para o povo, "nem a liberdade, nem o progresso". "Historicamente, os únicos congressos ou reuniões de partidos comunistas, que trouxeram liberdade para seus próprios membros e para as sociedades que submetem, são aqueles nos que seus comitês centrais decidiram dissolver-se", afirmou.

Nesse sentido, Payá assinalou que as autoridades devem "despenalizar e deixar de perseguir as iniciativas dos cubanos para procurar honestamente o pão de cada dia".

"Não queremos o capitalismo selvagem porque já estamos sofrendo o comunismo selvagem, onde há grandes ricos aos que não se podem chamar ricos e onde os pobres não têm voz nem para dizer que são pobres. Onde não há direito, não há justiça. Essa é a essência da contradição entre o povo e o governo em Cuba", expressou.

O líder do MCL explicou que a primeira causa da crise permanente em Cuba é a falta de direitos civis, políticos e econômicos. Nesse sentido, criticou à Assembléia Nacional do Poder Popular por negar ao povo "a soberania que este regime lhe usurpa" e por manter nos cárceres aos que defendem os Direitos humanos e impulsionam "a consulta popular que pede o Projeto Varela apoiando-se na própria Constituição".

Payá recordou que "mudanças significam liberdade, direitos, abertura, reconciliação, não mais repressão, não mais medo, não mais mentira, não mais despotismo, não mais privilégios para um grupo de poder e pobreza para a maioria"; e estas mudanças "são as que demandam o Projeto Varela.

"Acreditam que muitos dos militantes do Partido Comunista também querem mudanças e direitos para todos os cubanos e não querem sustentar uma ordem sem direitos e sem justiça, que fecha as portas do futuro à nova geração. Por experiência, os cubanos sabem que o comunismo é a negação da liberdade das pessoas", expressou.