O Arcebispo de La Plata, Dom Héctor Aguer, assinalou que a nova encíclica "Caritas in veritate" do Papa Bento XVI adverte que "o que está em jogo é a concepção do homem", porque não é possível falar de desenvolvimento se a não ser em termos integrais de todos os seres humanos.

Durante o programa televisivo Chaves para um Mundo Melhor, o Prelado disse que na "Caritas in veritate" o Papa Bento XVI "adverte que, na atualidade, a questão social se converteu fundamentalmente em uma questão antropológica" e que o que está em jogo é a concepção do ser humano, porque "a posição concreta da economia tem a ver com uma idéia sobre o homem".

"O Papa faz notar que não é possível falar hoje de desenvolvimento a não ser em termos integrais de todo o homem e de todos os homens -como já dizia Paulo VI- sem excluir sua dimensão transcendente", explicou Dom Aguer, quem assinalou que neste novo documento Bento XVI enfoca a problemática da globalização, dando uma nova versão da questão social.

O Arcebispo de La Plata assinalou que "o Santo Padre sugere que não se pode deixar o mercado e a tecnologia liberada simplesmente ao seu próprio dinamismo porque isso iria em contra do homem".

"Introduzir o princípio da gratuidade é a lógica do mercado e explica que tudo seria distinto se fosse possível instrumentar efetivamente a vida econômica em relação ao bem autêntico do homem e não simplesmente à busca se desesperada para o benefício. O verdadeiro benefício do homem não é simplesmente seu benefício econômico a não ser seu benefício total que é sua felicidade", explicou.

Por isso, indicou, "Caritas in veritate" apela fortemente à ética nas relações econômicas e sociais. "A ética significa a responsabilidade, a liberdade, que está referida sempre à verdade sobre o homem que está chamado a um horizonte de eternidade", recordou.

Bento XVI, explicou, propõe "pensar a economia sobre tudo em relação com esta crise presente e global, pensá-la com o olhar posto no futuro, no futuro do homem".

"Bento XVI insiste na Verdade e na Caridade como inseparavelmente unidas. A Verdade supõe, em todo caso, a natureza das coisas, o que o homem é, a natureza de sua pessoa e de seus atos, a natureza -portanto- também da atividade econômica como uma atividade humana que deve estar referida à responsabilidade da pessoa e seu destino", afirmou.