O vaticanista italiano Sandro Magister anunciou a volta de "duas obras capitais da cultura católica" do filósofo e teólogo suíço Romano Amerio: "Iota unum" e "Stat veritas" nas quais, considera, trata-se um tema essencial do pontificado do Bento XVI "quando e de que modo pode mudar a Igreja?"

Para Magister estes dois livros do teólogo suíço falecido em 1997 aos 92 anos de idade, que estarão à venda a partir de amanhã nas livrarias católicas, estão em "impressionante sintonia com o título e com o fundamento da terceira encíclica do Bento XVI: 'Caritas in veritate'".

Deste modo recorda que outro teólogo que estimava muito a Amerio, Divo Barsotti, sintetizava o conteúdo de ambos os livros desta forma: "Amerio diz em substância que os mais graves males presentes hoje no pensamento ocidental, incluído o pensamento católico, devem-se principalmente a uma desordem mental geral pelo qual a 'caritas' fica diante da 'veritas', sem pensar que esta desordem transtorna também a reta concepção que devemos ter da Santíssima Trindade".

No texto mais importante de ambos segundo Magister, "Iota Unum" –de 700 páginas escritas entre 1935 e 1985– o vaticanista explica que Amerio trata o tema de se as variações que a Igreja experimentou acaso a levaram a converter-se "em algo diferente dela mesma".

"Amerio analisa, não julga. Ou melhor dizendo, como cristão íntegro que ele é, deixa o julgamento para Deus, e recorda que 'portae inferi non praevalebunt', as portas do inferno não prevalecerão, quer dizer, para a fé é impossível pensar que a Igreja se possa perder a si mesma. Sempre haverá uma continuidade com a Tradição, também dentro das turbulências que a obscurecem e fazem pensar o contrário", continua.

Para Magister, este livro re-editado agora, "confirma-se como um livro não só extraordinariamente atual, mas também 'construtivamente católico', em harmonia com o magistério da Igreja".

Em relação ao segundo livro, "Stat veritas", publicado em 1985, o vaticanista assinala que também está "em continuidade linear com o anterior. Nele confronta a doutrina da Tradição católica com as 'variações' que o autor reconhece em dois textos do magistério do João Paulo II: a carta apostólica 'Tertio millennio adveniente', de 10 de novembro de 1994, e o discurso ao Collegium Leoninum do Paderborn, de 24 de junho de 1996".

Magister também relata que "o retorno de 'Iota unum' e 'Stat veritas' às livrarias faz justiça tanto a seu autor como à censura de fato que se abateu durante compridos anos entre ambos livros capitais do autor".

"Caso único mais que estranho, este livro (Iota unum) foi um 'long seller' clandestino. Seguiu sendo pedido ainda quando se esgotou nas livrarias. A ruptura do tabu é recente, em congressos, comentários e resenhas. A Civiltà Cattolica e L'Osservatore Romano também se despertaram", acrescenta.